Sol na eira e chuva no nabal
Ontem, parte dos Deputados Municipais do Partido Socialista não votou favoravelmente uma moção de boas vindas ao Papa Bento XVI. Fez assim companhia ao Partido Comunista Português e ao Bloco de Esquerda.
Está no seu direito. Resta saber se os Lisboetas também não estarão no direito de saber quais as razões que levaram os deputados a não serem favoráveis ao acolhimento do Chefe de Estado do Vaticano.
Importa saber se um gesto tão agressivo para com mais de 88% da população católica do nosso País não deveria ser justificado.
Não. Isso seria dar o flanco. Exibir o complexo, a ignorância ou a aversão. Por respeito aos meus colegas da Assembleia Municipal de Lisboa, penso que terá sido por aversão à visita do Papa.
Mas lá está outra parte do PS a votar a favor para garantir que não é um dogma partidário. E lá estará no acolhimento António Costa, com a chave de ouro da Cidade, com um discurso de boas-vindas, para assegurar que não há qualquer desrespeito pelos sentimentos religiosos da maioria do Povo português.
O texto da moção não podia ser mais laico e socialista. Até citava José Sócrates, no mês passado, à porta da Mesquita: «O Estado português é um Estado laico mas não somos uma sociedade laica» (esquecendo-se de dar os direitos de autor a Sarkozy). Nessa altura, nenhum Deputado do PS se manifestou contra. Porque se tratava de outra comunidade religiosa que não a Católica ou porque foi dito pelo líder.
Talvez tenha razão quem, há dias, me explicava assim a aversão de alguns à Igreja: «São pessoas que odeiam as origens dos Pais que eram católicos e usavam naperons. Pensam que alcançam a modernidade se odiarem a Igreja e se não tiverem naperons». Não irei por aqui, literalmente. Mas incomoda-me esta maneira de estar que não é contra, muito menos a favor; que agride mas não assume a agressão; que quer ter uma quota no ateísmo jacobino mas também vota a favor; que usa o punho fechado e a rosa, conforme convém.
14 comentários:
"Portugal tem mais de nove milhões de católicos, mas os praticantes não ultrapassam os dois milhões de fiéis, segundo dados da Igreja Católica que, contudo, datam de 2001, altura em que foi feito o último recenseamento".
Lusa, 16.04.2010
É uma atitude irritante "à brava"- mas todo esse género de progressistas perde sistemáticamente o comboio da História: fica a ver navios.
Bom. Como sabe Inez eu sou católico, mas não me revejo neste líder. Toda a gente diz que o comparamos com o Santo falecido de João Paulo II e que claro, não se pode comparar, mas que é boa gente etc. Não necessito de "boa gente" numa posição como é a de ser Papa. Um Papa tem que ser muito mais que boa gente. Eu também sou muito boa gente, você, todos os nossos amigos. O mundo está cheio de boa gente.
Analiso a vida desse homem há décadas e o que sei, não me convence. Nada mesmo. Nunca tive sentimento igual por nenhum Papa. Algo será então pois não me aquece nem arrefece o facto de este homem ter ido parar á cadeira de Pedro no sentido de que não ganho nada com isso.
Diz a Inez que "Resta saber se os Lisboetas também não estarão no direito de saber quais as razões que levaram os deputados a não serem favoráveis ao acolhimento do Chefe de Estado do Vaticano." Se vem como Chefe de Estado do Vaticano, dou-lhe razão, pois deviam dar-lhe todos, seria o politicamente correcto. Se vem como Papa, não vejo porquê. Eu sou católico e não lhe as dou.
Duras palavras pensarão...Talvez. Mas sou livre de assim pensar como ele o foi também quando tomou atitudes e decisões que feriram, denegriram e "retardaram" a minha Igreja, a Igreja Católica.
A Igreja é de Cristo e o sucessor de Pedro o Seu representante na terra. Os cristãos são de Cristo. Não são obrigatóriamente "boa gente"...
A religiaõ como arma de arremesso em vez de motivo de interpelação pessoal: é no que caímos constantemente.
Para os cristãos, o Papa é o eleito numa escolha assistida pelo Espírito Santo. Ratzinguer é, por isso, o único que podia suceder a Vojtyla. Não se trata de uma matéria de adesão ou de opinião. É matéria de Fé.
Para os Deputados, há a obrigação de receber, com hospitalidade, os Chefes de Estado que visitam Lisboa e os líderes espírituais das religiões aceites pelo Ministério da Justiça; ou de os rejeitar por questões políticas inequívocas e devidamente explicadas.
Se fosse o Dalai Lama ou o Patriarca de Constantinopla, estes votos seriam vistos como uma intolerãncia religiosa. Como é o Papa, passa a ser de bom tom. Não há nexo.
Bem, a propósito de `boa gente`, é bom recordar o que o Santo Padre Pio de Pietrelcina, que vaticinou `tu sarai Papa` o Papado a Karol W. quando este era apenas um simples sacerdote, disse quando uma vez foi convidado para a ir visitar e benzer o parlamento italiano, cito de memória, `benzer não, eu vou lá só se for para lá meter uma bomba`...
Pois, não nos apercebemos porque o veneno é sabiamente ministrado em doses pequenas e controladas, mas esta IIIa Républica divorcista e, sobretudo, abortista , é culturalmente muito mais jacobina e anticlerical do que a I o foi.
Claro que quando os muçulmanos ou chineses, que não brincam em serviço, mandarem na Europa, é que vai ser engraçado ver os ateus e jacobinos maçons, cujo trabalho e empenho multiculturalista lhes deu a Europa de presente, de cú para o ar, gostem ou não, em oração...
Com os melhores cumpts.,
CCInez
Leio e respeito, tudo e todos e por isso devo eu também ser respeitado. Nunca insulto ninguém. Sorrio.
Inez, eu nunca deixei de ter fé. Muitos gostariam de ter tantas certezas como tenho eu. Este Senhor não tem a mínima influência na minha fé ou eu a teria perdido.
O Papa é eleito para representar os católicos, não os todos os Cristãos. Não podemos confundir as coisas. E como bons católicos, devemos sim, ser boa gente, creio eu...pelo menos eu tento sê-lo.
As religiões não só são puras armas de arremesso, sim, como são a razão das maiores barbaridades cometidas pela humanidade. Em nome de Deus, todos matam, rebentam, desfazem, arrasam.
No nosso caso, Cristo deu amor. Vivia em pobreza e dava o que tinha e não tinha. Não imaginaria uma Igreja que vivesse num Mundo de fome em que morressem crianças diariamente desidratadas e famintas com o seus representantes vestidos de Prada. Peço desculpa mas nem quero continuar para não ferir moralmente ninguém. Só peço que pensem no que Cristo pensa ao olhar para as variadíssimas Igrejas Cristãs incluindo a Católica.
Por falta de auto-critica esteve o IRA a matar durante décadas e estão os extremistas Muçulmanos a rebentar-se ceifando vidas sem parar.
Tudo isto move paixões, claro. Não estivéssemos a falar da mãe de todas a lutas e guerras, a dona Religião, mas devemos ser como mínimo, sensatos.
No que toca e como diz a Inez e bem, aos deputados, devem sim receber bem todos "os chefes de estado" estrangeiros, lógico.
Miguel, tem razão, quis dizer católicos. Mas não sugeri a sua falta de Fé. Digo é que a escolha de um Papa, para os crentes, é assistida pelo Espírito Santo e que, por isso, o resultado não é discutível, por politicamente incorrecto que isto possa soar. No limite, a Igreja não é uma democracia com escolhas mais ou menos felizes.
Respeitada (íssima) Inez
"Discutir" consigo, seja lá o que for, alimenta mais a minha alma que muitos líderes religiosos :)
Bem-haja sempre....Londres necessita uma visita sua assim como o Vietname saiu mais rico certamente.
O meu "rosnar" não foi para si. Os seus ataques nunca são pessoais ,mais bem troca de palavras que tonificam as mentes abertas.
Miguel V.S., não tem razão quando diz que o "o Papa é eleito para representar os católicos" (não somos um sindicato).O Papa é eleito, com o auxílio do Espírito Santo, para ser o representante de Cristo. Quem está com Ele segue-O, seguindo o Papa.
Estimado João
O Papa é eleito para representar Cristo perante os Católicos representando os mesmos perante o Mundo .É isso que eu quero dizer e você bem o sabe. Não representa os cristãos mas sim alguns, os católicos. Essa era a ideia e a Dra. Inez Dentinho entendeu-o muito bem. Se o faz bem ou mal, depende dele mesmo pois é um homem como outro qualquer. Seja este Papa como outro qualquer. Seguir segue quem quer, como homem que é. Como um sindicato, sim, como se um partido político se falasse. É um homem, simplesmente. Não caminha sobre águas nem saiu duma barriga de mãe virgem nem pouco mais ou menos. Peço-lhe que não leve a coisa para o pessoal pois não me conhece nem sabe como sou. Pode não concordar, lógico, mas não me diga que tenho razão ou não no que penso pois o meu pensamento é tão livre como o seu. Eu sempre segui os outros Papas e não sigo este. Não gosto de como representa Cristo. Representa-O a meu ver, claro, muito mal.
Repito o que disse antes. Imaginemos o que pensa Cristo ao ver como se vive no Vaticano quando ele sempre viveu entre os pobres e marginalizados, o que pensa ao ver crianças morrerem de fome diariamente quando se gastam milhões de euros por ano em jantares, roupas caríssimas, representações diplomáticas etc etc etc estaria aqui toda a tarde.
Eu não lhe digo se tem razão ou não. Todos somos livres de pensar o que quisermos. Dogmática é a fé, não o homem. É por isso que Papas ficam na história como grandes líderes e outros nem se fala neles. O futuro dirá o quanto de bem se falará deste e do bem que fez á nossa Igreja, a Católica.
Se quiser entrar pela parte espiritual e me disser que o Espírito Santo “ilumina” todos os Cardeais para que a escolha seja a melhor?! Até aceito como homem de fé, mas os desígnios de Deus são puro mistério ou nós nunca aceitaríamos um Deus cruel que deixa morrer crianças de fome no seu mundo, no que aceitamos que criou. É duma crueldade imensa. No entanto, aceitamos. Terá uma razão de ser que nos foge da razão. Se este homem que se senta na cadeira de Pedro, está lá por razões estranhas á minha compreensão? Pode ser. No entanto não gosto, nada, das atitudes que sempre tomou no Vaticano. É retrógrado , antiquado, severo, e nunca gostei dele e sempre pensei que nunca devia ser ele o Papa futuro como foi. Podia contar-lhe imensa histórias, mas não entro por aí. Só temos dois caminhos. Eu não gosto nada dele e não me revejo e você revê. Eu respeito a sua postura. Não lhe dou nem tiro razão.
Espero ser bem vindo neste blog pois não terei o mínimo problema em deixar de o visitar. Deus me livre impor a minha razão. Ditaduras há muitas, nunca uma minha.
Estimado Miguel,
Corro o risco, como qualquer mortal, de me enganar, não sou eu no entanto que lhe tira ou dá razão. Quando afirmo que não tem razão - e digo em quê, não estou a opinar: estou a fazer uma afirmação que julgo baseada na realidade histórica. Digo-o de forma concisa e abrupta, não por ser de índole brutal, mas, como justamente diz não nos conhecemos, nem este espaço é própriamente para discussões paralelas, - ficam estas quase "jaculatórias" (também não teria fôlego para muito mais).
Admira os escritos e a pessoa da Inez, como eu. Estamos entre pares.
João W.
Obrigado João. Um abraço
Inês
Tenho grande estima si, e aprecio muito o seu bom senso, bem haja.
Gostaria de lembrar que não foi Antonio Costa que entregou as chaves da cidade situação um pouco absurda pois não me parece que a entrega da chaves seja delegável ao Vice Presidente.
Quanto à polémica, lamento que os criticos de Bento XVI não saibam "ler" os seus escritos.
A forma como sabe transmitir a sua serenidade são um garante na procura da verdade.
Ninguem melhor poderia suceder a João Paulo II, Bento XVI irá concluir a Sua obra.
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