quarta-feira, 10 de março de 2010

Read my lips!


«Read my lips, no new taxes!».
A declaração de George Bush (Pai) na Convenção Nacional Republicana que o confirmou como candidato às Presidenciais, em 1988, seria desautorizada pelo próprio depois das eleições, com a subida de impostos, e tornar-se-ia na frase mais sintética para ilustrar as promessas invertidas dos políticos, antes e depois de serem eleitos.
Também José Sócrates prometeu não subir impostos; não falou em reduzir as deduções fiscais (como ficam as famílias numerosas com despesas de educação e de saúde?) ou em criar novos escalões no IRS; já para não falar no adiamento do TGV ou no congelamento de salários, com os quais concordo mas que representam o mesmo logro para quem votou acreditando nos seus lips. Isto, quando o PEC já estava previsto e as medidas para o alcançar também.
O que importa: falar verdade ou «adiar» a verdade? Não conhecíamos já esta performance quando, em 2005, prometeu não cobrar nas SCUT, não aplicar taxas moderadoras ou criar 150 mil postos de trabalho? Não foi reeleito, há pouquíssimo tempo, com inteiro respeito pelas regras da democracia?
Certamente porque lhe faltou alternativa. Ou porque, como diz Jean Jaques Rousseau: «Os escravos, com os seus ferros, tudo perdem, até o desejo de os quebrar, amam o cativeiro como os companheiros de Ulisses amavam o embrutecimento».

6 comentários:

joão wemans disse...

Cito Vasco Pulido Valente:
"Não me esqueço que Blair e Bush provocaram uma guerra com uma extravagante série de mentiras, nem que os dois foram reeleitos. Mas não contava que Portugal seguisse com tanto zelo esse precedente. Se Sócrates, de facto, mentiu, como julga 59,8 por cento do país, não correr com ele de S. Bento é um vexame, e um vexame pessoal, para qualquer de nós."
Assim andamos nós...

Inez Dentinho disse...

Citação oportuna, que não tinha lido. Obrigada.

Hugo Correia disse...

Há quem diga que está a mentir, outros dizem que está a faltar à verdade, mas que ninguém tenha dúvidas...

«Os mentirosos só logram uma vitória: a de nunca mais se fazerem acreditar, mesmo quando dizem a verdade.»

Esopo, Fábulas


Não lhe reconheço legitimidade para me exigir. O fim está perto.

Ricardo Alves Gomes disse...

06.03.2010

(...) Já quanto a um dos 3 principais candidatos à liderança do Partido ter estofo para ser candidato a Primeiro-Ministro, aí é que são elas... como são intelectualmente honestos, nem os melhores analistas e os comentadores mais experimentados, por muito que se esforcem, nem assim conseguem ver Aguiar Branco, Passos Coelho ou Paulo Rangel subir as escadas de São Bento para governar Portugal, na maior crise do pós-25 de Abril. É que, de federar tribos a fazer circuitos de carne-assada até conferenciar em institutos, a assumir o comando Executivo ainda vai uma "ligeira diferença", convenhamos. É expresso. Dada a volta à roda, o resultado é o lugar de partida. Até que alguém decida quebrar essa espiral e corte a direito.

---------------------------------

19.02.2010

(...)Independentemente dos contraditórios que possam vir ser oferecidos a este “quadro”, do ponto de vista estritamente político e quando comparado com outro, boa parte do PSD, do CDS, Cavaco Silva, e muita comunicação social, deviam ter vergonha na cara… nem lavar as mãos souberam, como Pilatos. Tenho escrito aqui que o problema de Portugal não está no PM. Se estiver, tanto está nele como nos demais Órgãos do Estado. É por isso que a “vassourada” devia tocar a todos. É por isso que não toca… é também por isso que quando vemos por aí uns “caramelos” a atirar “postas de pescada”, mas que não são capazes de dar um passo, ficamos esclarecidos - antes fossem mas era sachar milho! Objectivamente, é isto.

----------------------------------

14.02.2010

(...) Ora, se os “prós” vierem por aí abaixo, como tábua de salvação da “regência” - que já não é capaz de se segurar de pé sozinha - isso significará que o Poder caiu na rua. Só assim não será se os “contras” ficarem à espera que as Instituições funcionem...

O problema aqui é que os “contras” costumam falar muito de mudanças e rupturas mas só fazem o mínimo. Costumam preferir ver “a banda passar”. Têm medo de partir para a contra-manifestação. Os “contras”, verdade seja dita, querem tudo e o seu contrário. Querem tomar o poder, (vamos vendo dentes que se arreganham), mas sem levantar muitas ondas. No fundo, querem apenas mudar de Governo, instalar-se, fazer uma operação de cosmética à República, isto, sem abalar o Sistema, manjedoura do seu alimento.

É por isso que a Oposição tem medo.
É por isso que o PR está com mil cuidados.
É por isso que se recorre insistentemente ao argumento da defesa dos “superiores interesses nacionais”.

A questão não está no PM. A questão está no obscurantismo global desta República caduca.
Em ano do centenário, o melhor tributo que os “contras” podiam prestar à República era, precisamente, inaugurar uma nova. Data? Querem melhor que 25 de Abril de 2010?
Que ninguém se aflija - Portugal não acaba.

PS: Convém rever…
http://www.youtube.com/watch?v=TlEYA5PyWTg
http://www.youtube.com/watch?v=hiUWYGu1Qco

----------------------------------
10.03.2010

Cordiais cumprimentos,
RAG

Táxi Pluvioso disse...

Se ficassem por aqui não seria mau, mas venha que Sebastião vier, aumento de impostos em 2011-12-13 é inevitável.

Táxi Pluvioso disse...

... e depois logo se verá.