segunda-feira, 14 de setembro de 2009

A matrioska




"Abrazos Rotos" de Almodovar tem o fascínio de um realizador pela sua musa.
Este é um filme de tributo ao cinema, a começar por si próprio. Almodovar dá-se ao luxo de recriar " Mulheres à beira de um ataque de nervos". Cita e mostra imagens de filmes e actrizes do nosso imaginário.

Embora nunca o refira, tem Vertigo, tem a Dama de Xangai, tem Viridiana. Filmes em que os realizadores filmaram o seu próprio desejo. Tem a obsessão de um realizador pela sua criatura, mediada pela câmara.
No filme, o marido e amante cimento vê também o objecto do seu desejo através de uma película.

Penélope Cruz é essa criatura morena, a que o realizador manda colocar a peruca loura, o objecto de todas as fantasias. Penélope não cozinha,não mata, não canta, como em Volver.

É uma pena. A volúpia chã assentava-lhe melhor do que esta sofistificação recém adquirida. Para esta, falta-lhe aquele toque de medo que só um realizador perverso seria capaz de infundir.

Aquele ar ligeiramente demente que vemos na Rita Hayworth na "Dama de Xangai" tem que se lhe diga. Orson Welles não lhe pôs uma peruca. Cortou-lhe o cabelo e pintou-o de louro. E ela deixou.

2 comentários:

Unknown disse...

Inteiramente de acordo.

Anónimo disse...

aH mta xente q nm sabe, maz em 72 um escudo valia 1,35 pesetas.