quarta-feira, 15 de julho de 2009

Sol na eira e chuva no nabal


Gosto pessoalmente de Helena Roseta e trabalho com Santana Lopes há sete anos.
Dito isto - que diz muito - parece-me extraordinário o exercício político que hoje se desenhou nas listas do PS para as Autárquicas de Outubro de 2009. Helena Roseta tenta fazer o pleno, como resulta da linha de argumentação na entrevista que deu hoje à RTP-N:
  • Sou independente mas concorro dependente do voto no PS, do qual saí;
  • Tento ajudar o PS na vitória mais importante das Autárquicas de 2009 mas nada me une ao Eng. Sócrates;
  • Faço este acordo político porque a esquerda deve estar unida mas tal não foi importante em 2007 nem enquanto as sondagens não deram empate técnico entre António Costa e Santana Lopes;
  • Entro na «nova» equipa candidata à Câmara de Lisboa mas já lá estou a trabalhar há mais de um ano;
  • Advogo a urgência de se fazer alguma coisa por uma Lisboa desordenada, suja, caótica mas António Costa fez um bom trabalho nos últimos dois anos;
  • Sou idealista e comigo estão os que não se revêem nos partidos (entre os quais o PS) mas, a troco de dois lugares, um deles o número dois da Câmara, lá vou na mesma lista de todos os que são apurados pelos corredores viciados da partidocracia.
Helena Roseta lembrou, na RTP, que o Povo diz que «a união faz a força». O Povo também identifica quem quer «sol na eira e chuva no nabal». Quem vota em Helena Roseta será que votaria no PS de Sócrates?; ou no erro de «casting» que é ter António Costa à frente de uma Câmara?; ou no equívoco demagógico que representa José Sá Fernandes? Vão todos no mesmo pacote. Estão os três juntos na CML já neste mandato. Não há qualquer novidade no anúncio de hoje. É o seu trabalho que será votado em Outubro e não «novas primaveras» que se anunciam promissoras, na linha: «agora é que vai ser».
Procurei uma fotografia na net para ilustrar Helena Roseta. Quis o destino que a primeira que lá estava era esta, unida a Santana Lopes, ao PSD, a Cavaco Silva.
Sabemos que, na maioria das nossas vidas, «o passado é um País estrangeiro». Acontece a quem evolui. N'outras, o presente é também um País estrangeiro.

5 comentários:

joão wemans disse...

Bom recado, a pôr os pontos nos "i".
No final fala do passado e do presente. Agarrando a oportunidade cito o paradoxal S. Agostinho: "o futuro é causa do presente" - talvez assim se vislumbre a razão de certas atitudes...

Redonda disse...

Este acordo de coligação (parece que é assim que se chama) é uma vergonha e transmite o que de mais negativo existe na política: as pessoas "venderem-se" por lugares. Sabe-se que ainda existem contas por saldar da última campanha de HR e que, se calhar, agora seria mais complicado. Sabemos também que António Costa viu que o seu lugar não era garantido.
Realmente vivemos num país em vale tudo.

Sofia Rocha disse...

Inês,
A mim espanta-me que na véspera o deputado poeta tenha ordenado tal enlace e no dia seguinte lá se tenham sentado António Costa e Helena Roseta.
Pareciam dois nubentes contrafeitos em casamento arranjado às pressas, sem convicção ou entusiasmo.
Ou me engano, ou este casamento não durará muito.

Paula disse...

A única coisa errada nas coligações é mesmo a política! Dito de outra forma, se o interesse real das pessoas fosse exactamente o que dizem, o melhor para Lisboa ou para o país, entao as questões partidárias, ideologias políticas e partidos, não teriam absolutamente importância nenhuma.
O problema é que os partidos estão sempre em primeiro e os discursos vão sempre no mesmo sentido! Vencer, ganhar, rasgar, derrotar os outros partidos da oposição- porque são todos sempre da oposição. Numa competição desportiva, existe sempre ou quase sempre um prémio para o vencedor ou para a equipa vencedora, na correria das eleições, será que as pessoas correm a "feijões"? Não estou a ver.
Nota: os feijões é o trabalho, a responsabilidade, a abdicação de algum tempo da vida familiar e pessoal em prol do bem comum, da comunidade,etc.etc...

Anónimo disse...

eles sempre se amaram !