segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Barcelona, Barcelona, Barcelona - Vicky,Christina


Os périplos de Woody Allen pelo velho continente já nos deram três filmes ingleses, sendo Match Point um 5 estrelas, agora um espanhol(catalão)e fala-se num próximo francês.

Este filme é desavergonhadamente um serviço ao turismo da capital catalã. Estão lá todos os postais de Gaudi.

O filme é um postal filmado a amarelo, laranja e encarnado. As americanas de serviço em passeio turístico por Barcelona são uma rapariga com físico de girafa e a musa Scarlett.

Ambas vão ser alvo da luxúria do pintor Javier Bardem.

Está tudo muito bem até aparecer Penélope Cruz que nos é oferecida em versão muito morena, louca, deusa do sexo, sensual, louca, culta, talentosa, virtuosa, amante livre. Está lá tudo, até a cena a andar de bicicleta, descalça, de chapéu de abas largas na cabeça.

De repente as americanas parecem tão deslocadas como daquela vez que Ava Gardner veio a Espanha ver os touros e os toureiros.

De vez em quando a Academia deixa-se levar por estes arroubos de histórias de países longínquos e gosta de mostrar que mulheres de pele escura, cabelo escuro e narizes tortos até têm um certo interesse.

É um cliché, evidentemente. Por isso gosto da Pê quando Almodovar a filma, não como um poster de mulher fatal, mas como uma mulher bela de carne ( que mata e cozinha) e osso ( quando morre de Sida).

Se o cliché resulta?

Resulta, porque raramente resistimos ao belo.

Quem resistiria a um Javier Bardem especado no meio da arena a agitar levemente a capa encarnada, ainda que saibamos que por baixo está a espada que nos matará?

2 comentários:

F. Penim Redondo disse...

Aquilo que pode vir a ser o mais eficaz filme promocional do turismo de Barcelona (acho que a cidade já nem precisa) é simultâneamente uma obra encantadora.

Com a graça de um Mozart sucedem-se as peripécias sentimentais servidas por um fabuloso texto e por um soberbo naipe de actores (com Penelope Cruz a grande altura).

Woody Allen mostra como é ilusório procurar a realização pessoal, e um significado para a vida, nas relações sentimentais. Essa demanda pode levar à frustração, à loucura ou, na melhor das hipóteses, a um infatigável nomadismo.

Como o filme subtilmente demonstra só o que fazemos, aquilo em que nos expressamos, constitui a resposta que nos falta.

Anónimo disse...

As actrizes são irresistíveis e o filme é divertido, mas não mais do que isso. Os actores são bons mas os personagens são fracos por isso a representação acaba por não ser grande coisa. O Bardem, por exemplo, óptimo actor, faz um papel muito fraquinho. E o personagem do pai-poeta que não publica, enfim, não é o W. Allen no seu melhor...