sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Alternativa

Foto encontrada aqui
Se, em Portugal, soubessemos em que é que concordamos politicamente, talvez fosse mais fácil saber em que é que discordávamos de facto e com substância.

5 comentários:

Vasco M. Grilo disse...

Antonio Aleixo, és tu de novo?

Sofia Rocha disse...

E porque é que temos de concordar?
Não gosto de concordâncias e unanimismos.

Inez Dentinho disse...

Parece balofo o que vou dizer mas não é:
Se houvesse uma visão da política baseada no bem querer a Portugal, teríamos uma base de acordo necessária e suficiente para discutir os diferentes caminhos em presença.
Esquecemos o patriotismo, a auto-estima, a identificação da nossa comunidade, presente e histórica.
As ideologias transversais do século XX ajudaram-nos a perder essa perspectiva. A Revolução de 74 deu-nos uma alergia à aproximação patriótica, tão instrumentalizada na véspera, pelo Estado Novo.
Cada Povo à sua maneira - Inglaterra, em Espanha, em França, em Itália - festeja o seu País com uma certa naturalidade.
É tempo de gostar de nós e, pelo amor comum ao nosso País, encontrar as diferenças que nos unem nesse apego.
Se calhar este comentário ficou mesmo um bocado balofo. Mas, trabalhando na Assembleia da República, sinto este erro de percepção no debate político que é desmesuradamente partidário e muito pouco nacional.

Manuel S. Fonseca disse...

Vasco, Sim, sim, Aleixo completo, com rimas de pé quebrado e tudo.

Sofia, pois o que a mim me cansa é a unânimidade e aplauso da discordância. Há-de haver, no país, Portugal recordo, uma ponta por onde se pegue. Acontece noutros países. A Inês, com mais coragem do que eu, mas mesmo assim envergonhada, sugeriu, o que não é nada balofo, uma espécie de identidade. É um começo. Mas vai ser preciso mais. É preciso estabelecermos pontos básicos e consolidados (na saúde em que o PS teve cólicas, na educação em que o PSD chumbou clamosamente) que - a menos que mudemos de regime - não mudem quando se passa do PS para o PSD ou do PSD para o PS (caramba, Obama ficou com um "ministro" de Bush, por mais que o BE vomite). Era bom que o património comum dos dois partidos (de 2001 a 2009, do Banco de Portugal a Dias Loureiro) não fosse o BPN, como agora é. Recordo que governar é uma coisa que tem piada, mas que 10 milhões de seres humanos dependem numa boa parte (do emprego à cama, o que já é muita coisa) do que os caramelos que se sentam em S. Bento decidam fazer. E se, de forma aleatória, inventarem todos os dias...

Sofia Rocha disse...

Eu gostei muito do comentário da Inês, porque lúcido e certeiro.
O amor pelo país devia ser um valor perene, mas não é. Tem razão a Inês quando diz que ainda não fizemos as pazes com o passado.
A verdade é que o Estado Novo como que se apoderou dos valores nacionais, construindo um imaginário com ele. Hoje em Portugal um democrata parece que ainda tem vergonha em exprimir publicamente orgulho nacional, tem receio de passar por reaccionário.
Foi por isso que só aceitámos pôr as bandeiras na janela quando um estrangeiro nos disse que era "cool" fazê-lo.
Estou convencida que estamos a mudar isso, há já uma geração de portugueses que não viveu em ditadura, gosta do país e sente orgulho no país e na sua história. Faço parte dessa geração, descomplexadamente.

Discordo quando diz que tem piada governar. Não acho que tenha. É uma tarefa hercúlea.
Quanto ao Parlamento, é bom mesmo que sejam aquelas pessoas a participar nos destinos da nação. Assim sabemos quem são, e podemos exigir-lhes competência e responsabilidade.