Valha-nos a Lapónia!
Em Janeiro de 1872, na sua Campanha Alegre, ao ano novo que então começava perguntava Eça de Queiroz o que traria à Pátria? E logo a seguir acrescentava: «É justo que pensemos na Pátria. Porque, enfim, temos uma Pátria. Temos pelo menos – um sítio. Um sítio verdadeiramente é o que temos: isto é – uma língua de terra onde construímos as nossas casas e plantamos os nossos trigos. O nosso sítio é Portugal. Não é propriamente uma nação, é um sítio. Já não achamos mau! A Lapónia nem um sítio é: apenas uma dispersão cabanas na vaga extensão da neve. Podemos pelo menos desdenhar a Lapónia. A miserável Lapónia. Como a nossa organização é mais rica, a nossa raça mais digna! Nós ao menos temos um sítio.»
É esta a resposta que quero dar ao post que o Pedro Norton tem aqui em baixo. Porque não devemos esperar do PSD, nem de outro qualquer partido, que faça de nós aquilo que não somos – e que não queremos ser: um país, que junto persegue um destino comum.
Qualquer viagem por este nosso sítio no-lo mostrará. Dou-vos o meu exemplo desta manhã. Vindo da auto-estrada de Cascais, entro na CRIL onde, assim que se forma a longa fila de carros que se encostam à direita para depois entrarem na segunda circular, encarreiro também atrás deles. Mas logo uma perturbadora quantidade de estrangeiros nos passa despreocupadamente pela esquerda, seguindo a toda a velocidade até à dita saída, onde, forçando a sua entrada nesta vagarosa mas ordeira fila, logo entram na segunda circular.
Ora, este é o retrato deste nosso triste país – e não vejo quem aqui lhe meta ordem. Porque se é óbvio que os 10 ou 20% de energúmenos que chegam 2 ou 3 minutos mais cedo ao fim do caminho, atrasam em 5 ou 10 minutos a chegada de todos os outros ao seu destino, provocando um prejuízo geral muito superior ao seu pequeno e particular benefício, é também evidente que isso pouco ou nada interessa à mentalidade incorporada nesta gente - que somos nós!
Este é o sistema que verdadeiramente nos governa – o salve-se quem puder! Das estradas à economia e desta à administração do país, estamos habituados a ver passarem-nos pela esquerda e a entrarem mais à frente, ganhando para si um pouco à custa do muito de todos aqueles que, por qualquer razão, cumprem as regras. E a minha questão é esta: porque é que não nos indignamos e, a partir dessa expressão de revolta, nos econtramos e nos reunimos para construir um país? Porque é que nos resignamos, encolhendo os ombros, seguindo, pesarosos, o nosso caminho, até que, chegados a um qualquer sítio, nos vingamos maldizendo a Lapónia?
2 comentários:
Parabéns pelo artigo.
Realmente é sempre pela esquerda que nos passam. Deve ser por isso que este governo faz o que quer com o nosso sítio e ninguém o põe na ordem!
Esses energúmenos que o passam pela esquerda, há-de reparar que são quase sempre... "energúmenas"!
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