quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Inclusão – desafios entre a retórica e a prática


Pierre N’Gahane é, para nós, um nome desconhecido. Trata-se do novo Prefeito de Alpes-de-Hautes-Provence, hoje nomeado por Nicolas Sarcozy (ver aqui).

De origem camaronesa, tem 45 anos e é doutorado em Gestão. Há cerca de um ano, abandonou a vice-presidência da Universidade Católica de Lille para desempenhar funções públicas relativas à promoção da igualdade de oportunidades.

Com a nomeação de Pierre N’Gahane, Sarcozy dá mais um passo. Não anuncia nada, não começa nada. Apenas continua um caminho.

Filho de imigrante, Sarcozy é profundamente inovador nesta sua proactividade. Para ele, a visibilidade é relevante. Porque acredita que só o exemplo pode romper, eficazmente, o círculo vicioso da exclusão e da falta de horizontes.

Sarcozy conhece as minorias e dá-lhes atenção. Mas, para ele, a inclusão é, sobretudo, um desafio prático. Sarcozy quer promover a igualdade a partir da diversidade e assenta aí uma certa ideia de França – uma França diversa e plural, multicultural e multiétnica, mas ainda e sempre necessariamente francesa nos valores e nos princípios.

Pierre N’Gahane é, afinal, o último pretexto para que, também nós, pensemos politicamente nas minorias. Um pouco mais a sério do que é hábito. Com um pouco mais de verdade e de coragem. Para lá da facilidade de retóricas estafadas.

Da próxima vez que nos indignarmos com acontecimentos numa qualquer Quinta da Fonte, Cova da Moura ou Quinta do Mocho, lembremo-nos de quantos governantes, deputados, magistrados, altos-funcionários, governadores-civis, autarcas, professores, gestores, quadros, oficiais militares, polícias temos, entre nós, de raça negra ou cigana. Talvez a resposta nos ajude a perceber a perspectiva de vida que oferecemos a milhares de pessoas que, por opção ou contingência, fazem parte integrante do nosso projecto colectivo.

2 comentários:

Sofia Rocha disse...

Sofia, fui ver mas o Le Figaro começa por falar em Obama, deixando no ar a hipótese de um comportamento mimético por parte de Sarko.
Seja-o ou não, o que interessa é que esse é o caminho. Não tanto porque possam dar um contributo "especial" ou "diferente", mas simplesmente porque são cidadãos e têm o mesmo direito de participar.

Anónimo disse...

É sintomático que os artigos sobre anónimos e anonimato tenham tido dezenas de comentários e este sobre a inclusão tenha ficado num canto esquecido.
O tema não preocupa os anónimos e os que têm nome. Para todos, as coisas estão bem assim.
Ass: Anónimo
PS - anónimo de raça negra.