Scolari Vs Queiroz - Liderança, emoção, comunicação e afins
Scolari Vs Queiroz - que tipo de líder é um e o outro?
A questão assume a maior importância porque a exposição ou sobre exposição mediática introduziu novas regras. O escrutínio é total e permanente e há vinte anos não estaríamos aqui a falar sobre estes temas.
As pessoas que estão expostas à visibilidade conferida pelos media ou têm certas características ou não, e se não as têm, vão ter grandes dificuldades em ser aceites pelos públicos.
Aqui no blog, existem pessoas que podem confirmar isto: há pessoas que "vendem" bem. Quando aparecem na capa de revistas estas vendem, quando aparecem na tv,as audiências sobem. É uma espécie de "it", qualidade indefinível, mas que é mensurável, uns têm-na outros não.
Aplico este raciocínio aos treinadores de futebol. São protagonistas de um dos espectáculos mais vistos e apreciados no mundo inteiro e por mais que esse facto seja escamoteado e nos admiremos todos com a dimensão do fenómeno, o futebol, enquanto espectáculo, é uma poderosa indústria.
Concretamente no que se refere aos treinadores aqui mencionados, e porque a questão da liderança, das relações de poder, de estilo de comunicação me interessam muito, tenho a opinião de que se trata do sucesso com que os próprios abordam os seus aspectos emocionais, e aqueles do(s) público(s) a que se dirige.
A razão de ser do sucesso de Scolari em Portugal tem a ver com a natureza do público a que se dirige. Quer o grupo imediato, os jogadores, quer a maioria do povo português. No que toca aos jogadores, Scolari é muito parecido com os atletas, estão no mesmo nível, se bem que tenham intensidade diferente. Scolari é mais inteligente, mais determinado, mais organizado e metódico do que os seus atletas, mas é facilmente reconhecido e reconhecível como um igual.
O que mais me intriga é quando as pessoas, líderes e liderados, estão em níveis diferentes, percursos diferentes, abordagens diferentes, metodologias diferentes. Isto é, como que alguém que escolheu uma abordagem académica, mais sustentada, com uma linguagem radicalmente diferente, consegue comunicar, mais do que isso liderar, fazendo com que os outros o sigam. Esta é para mim a maior dificuldade.
Quase apetece dizer que falta racionalidade aos primeiros e emoção aos segundos.
Como é que estes líderes conseguem obter resultados com os seus liderados? Parece-me que só pela exploração de aspectos mais emocionais. A inteligência e preparação técnica só por si não chegam nestes casos de grande exposição. A começar pelos seus próprios. Passando pela desmontagem do discurso, aproximando-o de um discurso mais facilmente apreensível do público.
Não quero com isto dizer que se deva caír no facilistismo, muito longe disso. Mas não fica nada mal a alguém que é mais inteligente, ou tem uma melhor preparação pessoal ou académica, fazer um esforço para chegar às pesssoas. Ganhar as pessoas.
Afinal de contas, estamos a falar de um espectáculo. As pessoas têm de ser ganhas para comprar bilhete, comprar merchandising, gastar dinheiro.
Há dias o Presidente do Sporting queixava-se que não tinha conseguido o número de sócios que queria. Tenho um palpite. Paulo Bento não vende, Fernado Santos não vende. Rui Costa vende, Quique Flores vende.
Uma vez um director de marketing disse-me que essa qulidade se chamava " qualidade aspiracional".
Sr. Queiroz faça-nos acreditar, faça-nos querer. Com muita força.
0 comentários:
Enviar um comentário