quinta-feira, 28 de agosto de 2008

O que no cache se adivinha

Entre o cache-sexe que eu julguei adivinhar aqui, no concavo recôndito de Kiki de Montparnasse, e o musical assomo com que o Pedro N. se expôs aqui, passo a oferecer o que, por distintas razões e distintos fins, aos dois cache-sexe igualmente serve.

Primeiro pende e se engrossa
depois arqueia-se aos saltos
e em soluços se ergue teso
arreganhando-se róseo.
Brilha de lisa a cabeça
sobre os rebordos violáceos
e veias finas palpitam
ao longo da grossa haste
que se adianta da confusa
negridão de que flutua
o saco de oblongas bolas
de esparsos pêlos coberto.


E quem será o poeta – grande entre os grandes – que escreveu este poema, parte de "adivinha dupla"? Se descobrirem prometo a outra contráctil parte da adivinha.

7 comentários:

Táxi Pluvioso disse...

Jorge de Sena?

Gonçalo Pistacchini Moita disse...

Não sei quem é que assim cantou os concretos encantos da masculinidade. Mas é caso para responder com os versos, ligeirissimamente adaptados, daquele outro poeta, também nosso:

«Pasme absorto escutando o mundo inteiro
A porca descrição do horrendo malho,
Que entre as pernas alberga [o homem] bruto
No lascivo apetite dissoluto.»

Manuel S. Fonseca disse...

Táxi, já me palpitava que não falharias. A outra metade da poética adivinha dará novo post.
Gonçalo e de quem é a outra bocagiana invocação? É do próprio?

Gonçalo Pistacchini Moita disse...

Do próprio: «Poesias eróticas, satíricas e burlescas». Uma maravilha. Comprei-as há uns anos, sem saber bem ao que ia. Ainda hoje me lembro como chorei a rir ao lê-las pela primeira vez. A melhor, para mim, é a primeira, que aqui cito - A Ribeirada, dedicada ao «preto Ribeiro», homem de másculo vulto. Deixo aqui mais uma amostra (cuidadosamente escolhida para não transgredir demasiado a merecida respeitabilidade deste nosso blog):

«Em Tróia, de Setúbal bairro inculto,
Mora o preto castiço, de quem falo;
Cujo nervo é de sorte, e tem tal vulto,
Que excede o longo espeto de um cavalo:
Sem querer nos calções estar oculto,
Quando se entesa o túmido badalo,
Ora arranca os botões com fúria rija,
Ora arromba as paredes quando mija.»

E mais não digo. :)

Manuel S. Fonseca disse...

Só para cumprir o prometido, aqui fica a tal outra metade da poética adivinha:

Sepalada em negras comas
rosa fendida entre bocas
de húmidas pétalas quentes
que se alongam musculadas
em sombras de entrada fluída
contráactil quando se aperta
pulsando de penetrada
e abrindo ao toque de tudo
as pétalas sempre vivas
de rosa nunca esfolhada
cujo véu se rasgou para
a flor durara visitada.

Jorge de Sena

Sofia Rocha disse...

Patrão fora, dia santo na loja...Basta as senhoras ausentarem-se um pouco e os cavalheiros do blog começam logo a espraiar-se!

Manuel S. Fonseca disse...

Estimada Sofia, o que é que quer, os dias estão longos e as noites cálidas: tudo convida a a estas profanas carmina burana.