Intelectuais, sempre...
Bernard-Henri Lévy, Éloge des intellectuels,
Aprendi assim. E assim me fiquei.
O intelectual é penhor da inteligência e do pensamento no espaço público. Sem ele – e o masculino é neutro, por politicamente incorrecto que seja –, a vulgata sub-cultural da actualidade, sustentada num ofensivo abuso de simplificações e estereótipos, produz o caldo próprio ao império da opinião.
Como pano-de-fundo, servindo a grande ilusão, a religião das maiorias. Sempre presentes, sempre eficazes, a opinião, as maiorias e a opinião das maiorias, rumo à paz totalitária... Porque sem teoria, sem crítica, sem complexificação, o futuro será totalitário. Garantidamente totalitário, ainda que – e isso é mesmo o pior – possamos não dar por tal.
Entre sacerdotes, conselheiros, profetas, monges e giróvagos, não é verdade, Alexandre?
Post Scriptum – Serve este post, também, para dizer a um dos nossos intelectuais dilectos, o Manuel S. Fonseca, que há co-bloggers do Geração de 60 que não têm escrito, ao contrário do que provocatoriamente foi aventado, pela pura e simples razão de estarem cheios – e aqui o masculino neutro é, sobretudo, critério de elegância literária… – de trabalho!
3 comentários:
Afinal, para além do Alexandre e deste vosso escriba mal amanhado, também cá temos o JP, a Sofia Rocha e a Sofia Galvão. Assim sendo, e com um tal quinteto de cordas não vão faltar posts. E o trabalho, Sofia, não é desculpa. Os posts na Geração de 60 são o cognac que torna o trabalho menos escravo e mais apetecível.
Sofia, não posso deixar de concordar.
Penso que chega a ser uma questão de desfasamento temporal. O intelectual recusa o tempo que é ditado pelos outros. Ao exigir outro tempo, coloca-se deliberadamente fora do contexto espacio-temporal.
É um asceta, porque o seu trabalho é de recusa, de negação do supérfluo.
Para a sociedade em que vive, arrisca-se a ser um marginal, por causa dessa carência.
Concordo com a tua ênfase Sofia, mas apenas com algum comentários de quem nunca foi intelectual, muito menos no sentido Voltaireano, francês:
a) Sem noção de serviço, um intelectual é apenas um menino mimado, apenas mais um elemento da massa e do espectáculo;
b) alguma noção de proporções ajuda a impedir o ridículo dos intelectuais. A boa frase do Goethe: "O Canal do Panamá é mais importante que toda a poesia do mundo".
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