I. Os intelectuais
O lugar comum deste tempo curto é que acabou o tempo dos intelectuais. Agora vivemos no tempo dos gestores. Oposição pobre como as conclusões a que chega. Mas vejamos o que nos ensina a experiência histórica.
Os ditos intelectuais ao longo dos séculos manifestaram-se em vários paradigmas:
1) O rei-sacerdote
2) O conselheiro
3) O profeta
4) O monge
5) O giróvago
Se bem virmos são estes os cinco tipos de intelectuais que a História viu nascer. Como todos os tipos, uns por vezes se sobrepõem aos outros, e muitas vezes ter um estatuto não impede que se ambicione outro.
O rei-sacerdote é o sonho da teocracia. O regime dos ayatolahs no Irão, mas igualmente a utopia platónica, ou em parte a ideologia bramânica deram exemplos deste modelo. Nele o intelectual, por o ser, tem o poder na sociedade. Savonarola, e Trotsky são duas tentativas falhadas deste tipo. Frederico o Grande da Prússia tentou sê-lo. Akhenaton igualmente.
O tipo de conselheiro é o do que, não tendo poder directamente, é a consciência do soberano. Platão junto do tirano de Siracusa, Alcuíno junto de Carlos Magno, Pierre de la Vigne junto de Frederico II de Hohenstaufen, Goethe junto do duque de Saxe-Weimar, Malraux junto de De Gaulle são os exemplos mais conhecidos.
O profeta não é poder, nem está nele integrado. Mas dirige-se ao poder e à sociedade para a fustigar, para a advertir. A tradição profética hebraica, São Bernardo, Santa Catarina de Siena, em parte Cristo (cum magno grano salis) são exemplos deste tipo. Zola e o intelectual típico francês, começando com Voltaire são os grandes representantes desta tradição que culmina com Sartre.
O monge é o que nem olha para o século. O monge pode estar retirado ou integrado numa organização. O conselheiro dirige-se ao soberano, o profeta ao mundo em geral, o monge olha para a interioridade. O paradigma do monge tem o seu herdeiro na tradição científica desde o fim do século XVIII, e no intelectual “apolítico” do II Reich, cujo testamento e maior declaração são as “Considerações de um apolítico” de Thomas Mann.
O giróvago é o que não se integra em instituição nenhuma. Ao contrário do monge observa o século, mas não para o mudar. Apenas para se rir dele, para o desprezar. A sua natureza é a mobilidade, seja de opiniões, seja geográfica. O mundo é diversão para ele. Ao contrário dos restantes, não sente responsabilidade nem pelo mundo nem pela sua alma. Ou pelo menos não faz dessa responsabilidade o centro do seu discurso. Os Carmina Burana são gerados por este tipo de intelectual. Ovídio e Catulo são exemplos dele. Diógenes o Cínico outro exemplo. O Maio de 68 idolatrou este tipo, embora se quisesse profético. Os poetas malditos (sejam quem eles forem) integram-se neste tipo. As bandas rock tradicionais, os artistas de performance são herdeiros destes giróvagos.
Os ditos intelectuais ao longo dos séculos manifestaram-se em vários paradigmas:
1) O rei-sacerdote
2) O conselheiro
3) O profeta
4) O monge
5) O giróvago
Se bem virmos são estes os cinco tipos de intelectuais que a História viu nascer. Como todos os tipos, uns por vezes se sobrepõem aos outros, e muitas vezes ter um estatuto não impede que se ambicione outro.
O rei-sacerdote é o sonho da teocracia. O regime dos ayatolahs no Irão, mas igualmente a utopia platónica, ou em parte a ideologia bramânica deram exemplos deste modelo. Nele o intelectual, por o ser, tem o poder na sociedade. Savonarola, e Trotsky são duas tentativas falhadas deste tipo. Frederico o Grande da Prússia tentou sê-lo. Akhenaton igualmente.
O tipo de conselheiro é o do que, não tendo poder directamente, é a consciência do soberano. Platão junto do tirano de Siracusa, Alcuíno junto de Carlos Magno, Pierre de la Vigne junto de Frederico II de Hohenstaufen, Goethe junto do duque de Saxe-Weimar, Malraux junto de De Gaulle são os exemplos mais conhecidos.
O profeta não é poder, nem está nele integrado. Mas dirige-se ao poder e à sociedade para a fustigar, para a advertir. A tradição profética hebraica, São Bernardo, Santa Catarina de Siena, em parte Cristo (cum magno grano salis) são exemplos deste tipo. Zola e o intelectual típico francês, começando com Voltaire são os grandes representantes desta tradição que culmina com Sartre.
O monge é o que nem olha para o século. O monge pode estar retirado ou integrado numa organização. O conselheiro dirige-se ao soberano, o profeta ao mundo em geral, o monge olha para a interioridade. O paradigma do monge tem o seu herdeiro na tradição científica desde o fim do século XVIII, e no intelectual “apolítico” do II Reich, cujo testamento e maior declaração são as “Considerações de um apolítico” de Thomas Mann.
O giróvago é o que não se integra em instituição nenhuma. Ao contrário do monge observa o século, mas não para o mudar. Apenas para se rir dele, para o desprezar. A sua natureza é a mobilidade, seja de opiniões, seja geográfica. O mundo é diversão para ele. Ao contrário dos restantes, não sente responsabilidade nem pelo mundo nem pela sua alma. Ou pelo menos não faz dessa responsabilidade o centro do seu discurso. Os Carmina Burana são gerados por este tipo de intelectual. Ovídio e Catulo são exemplos dele. Diógenes o Cínico outro exemplo. O Maio de 68 idolatrou este tipo, embora se quisesse profético. Os poetas malditos (sejam quem eles forem) integram-se neste tipo. As bandas rock tradicionais, os artistas de performance são herdeiros destes giróvagos.
0 comentários:
Enviar um comentário