Um homem de letras
Nenhum dos livros de Gore Vidal é um livro da minha vida, mas a crítica e os media americanos consideram-no o epítome do “homem de letras”. Vidal nunca escondeu a sua militância política. Hoje é um dos mais activos críticos do belicismo de Bush.
Ao El Mundo, em entrevista que pode ler aqui, foi contundente:
Ao El Mundo, em entrevista que pode ler aqui, foi contundente:
“Temos um Governo fascista que controla a seu bel prazer a Imprensa. Os republicanos montaram um “impeachment” a Clinton porque alguém lhe fez uma mamada e, agora, não há credibilidade para avançar com um “impeachment” a Bush por violar sistematicamente a Constituição americana... Vivemos num país que dá medo. Deixámos para trás a república e renunciámos à Magna Carta. Vai-nos levar 100 anos a reparar todo este mal.”
Os sublinhados são espanhóis, mas as declarações não parecem saídas da tradição democrática americana. Em vez dum discurso de racionalidade e argumentação filosófica e política, Gore Vidal opta por instaurar um relato apocalíptico.
Terá razão ou procura visibilidade? Não consigo decidir, mas tenho a certeza de que, enquanto continuar a procurar emoções na escrita, não trocarei um romance de Saul Bellow, Philip Roth ou Cormack McCarthy por um romance de Vidal. A escolha não é política, é puramente literária.
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