sábado, 29 de março de 2008

O Marxismo ainda não morreu

Em que é que os defensores da guerra do Iraque basearam as suas posições, desde há cinco anos? Em factos? – Não, basearam-nas em ideologias, teorias, analogias, comparações insuficientemente fundadas de histórias passadas, muita retórica e muita verborreia. Em que é aqueles que criticam agora essa defesa se baseiam? – É simples: em factos. Baseiam essa crítica na observação do que entretanto se passou e os factos são tão gritantes que nem vale a pena perder tempo em enumerá-los.

Pode dizer-se que este confronto de posições é injusto, uma vez que uns falaram antes dos factos e outros depois. Que assim seja, mas a veracidade dos argumentos nada tem a ver com justiças. Que não tivessem falado.

Para não fazermos o mesmo que os outros, temos o dever de reconhecer que o assunto não está totalmente encerrado, todavia. Quem defendeu a guerra pode ainda argumentar que a situação contrafactual seria pior, ou seja, que no caso de a guerra não ter sido feita, o Iraque e o mundo estariam pior. Mas é preciso alguma lata para enveredar por esse caminho e hoje a discussão já não se centra aí.

Aqueles que defenderam a guerra neste canto insignificante do mundo não incorreram em nenhum delito, pois apenas emitiram opiniões que não tiveram influência no decurso dos acontecimentos, dada a insignificância. Mas deviam ter agora um momento de reflexão e talvez fazer o que muitas vezes pedem que outros façam quando erram: demitir-se das funções a partir das quais cometeram os actos em causa.

Responsabilidades terão aqueles que defenderam a guerra mas cujas posições tiveram efeitos. Mas desses só a História poderá tratar.

Dito isto, é preciso acrescentar que é relevante colocar em cima da mesa a hipótese de que George W. Bush não perdeu de facto a guerra. Para isso é todavia necessário sair do quadro em que esta questão foi debatida pelos publicitas belicosos.

Bush perdeu a guerra do Iraque quando se confrontam os resultados com as intenções declaradas, à cabeça das quais se contava a democratização do país (o cúmulo do absurdo surgiu quando se comparou o Iraque com a Alemanha de 1945). Todavia, a verdade é que Bush ganhou a aposta em pelo menos 4 frentes importantes. A primeira é que mostrou ao mundo como o governo dos EUA consegue o apoio do Senado e do povo para entrar em guerra. Depois, mostrou como consegue ir para a guerra fora do quadro da ONU e com aliados de peso, incluindo o Reino Unido, a Austrália e a Polónia. Uma terceira vitória prende-se com a demonstração da facilidade com que os EUA conseguem fazer a guerra sem que isso afecte de forma determinante a economia nacional. Finalmente, está a conseguir com que a produção de petróleo no Iraque seja privatizada, saindo assim da alçada do controlo de um governo longínquo e da OPEP.

Tudo o que se passou, passou e o que as pessoas já sofreram, no Iraque e em outros países, não pode ser mudado. Será que este triste episódio vai servir ao menos para matar mais um bocadinho as formas marxistas de pensamento, que nos dizem que o mundo é para mudar pelos iluminados? Será difícil, dada a resistência da ideologia mais perniciosa do século XX.

1 comentários:

Anónimo disse...

O liberalismo ainda nao morreu. A invasão foi feita em nome do liberalismo (revestido pela força da força ... O que é naturalmente insuficiente). O marxismo assim como o liberalismo são filhos do discurso daquilo que ficou conhecido como o "iluminismo" e que alguns chamam de modernidade. Mas o que será importante reter no Iraque, porém, é o modo como esses valores - que são universais - não podem ser apenas integrados em fórmulas liberais ou outras e de como lhes devem ser dadas vozes e de como é desse dialogo, dessas vozes e dessas lutas por reconhecimento (mútuo) que os valores universais devem imperar. O que o Iraque ensina também é como para uns a invasão foi apoiada em nome da uniao como o "atlantico" ou de uma "comunidade liberalo-realista" ou apenas por causa de "intreses" ou do "podere". Enquanto para outros foi injustificada em nome do "europeismo"(penso que é eassim que se escreve) e de como esta discussão não teve insignificancia e conduz e conduziu o compromisso das lages e o envio de tropas para regioes do mundo e tudo e tudo e tudo como diria o Dálio.

Respeitosamente,
Hopkins, Amistad, Supreme Court
:)
http://www.youtube.com/watch?v=1of-pK5zCXM