quarta-feira, 12 de março de 2008

Do que eu gosto...


Eu?...
Eu gosto do mar!
E gosto do cheiro da terra molhada pelas primeiras chuvas;
De filmes de cowboys;
De olhos entregues;
De conversas à lareira;
De ter nascido;
Do Jeremy Irons;
Da Marguerite Yourcenar;
Das minhas memórias;
Do choro desesperado da criança a quem o vento roubou o balão;
Da capacidade de perdoar;
De Camões;
Do som do gelo no meu whisky;
Da Eunice em «Mãe Coragem»;
De gente que se importa;
Do meu País;
Da exuberância do amor;
De Mozart;
De ler o que outros pensaram;
Do futuro que sempre imagino;
Da Vanessa Redgrave;
Da emoção que me aperta a garganta;
Da Rita Blanco;
Da felicidade descoberta na compaixão;
De gente normal;
Da Bartoli;
De me encontrar no que outros escreveram;
De rir sem medida;
De um homem giro!;
De jardins, árvores e sombras;
De Picasso;
Da alegria da minha Mãe;
Da luz de Lisboa;
De sonhar;
Do poder do exemplo;
Da Graça Lobo em «Molly Bloom»;
De Jean Guitton;
De arroz de tomate;
Da vista da minha janela ao acordar;
Do “Déshabillez-moi”, pela Juliette Greco;
De jantar tarde no Hotel Costes;
De Sophia, sempre…

Do «Geração de 60» e
Do Manel que nos desafia ao atrevimento,
porque...
do que eu gosto mesmo é de gostar!

6 comentários:

Anónimo disse...

BONITO!! GOSTO

Anónimo disse...

Estranhei o nome, porque sendo o meu, sabia que não era eu.
Prendi-me na foto, que mesmo parada me fez sentir molhada.
Li o texto.
Gostei das memórias, dos sentimentos, das banalidades, da profundeza, da simplicidade, da sua vida...
Principalmente por se chamar Sofia... Sofia Galvão!

de Sofia Galvão (da geração de 70)

Madalena Lello disse...

Hotel Costes, pas mal...

Manuel Rocha disse...

Bonito !

Fotografia de João Mariano," Carrapateira", certo ?

Sofia Galvão disse...

Agradeço os comentários todos. Começando pelo fim, sempre digo:
Caro Manuel Rocha, impressiona-me o seu olhar certeiro! A fotografia é mesmo de João Mariano. Não exactamente a que suspeitou, mas uma outra, «Lugares Pouco Comuns #54» (1999), propriedade da Fundação PLMJ (que espero me tolere o abuso).
Querida Madalena, se eu lhe dissesse onde dormi, na minha última noite de Paris, depois de jantar tarde no Costes, não sei mesmo o que diria...
À minha homónima, faltam-me as palavras! É Sofia, mesmo? Das genuínas, sem nada antes e nada depois (nem Maria, nem Ana, nem ... )? Seja como for, acho a simples ideia da sua existência uma coisa simpática e divertida. Geração de 70? Extraordinário. Espero que volte a estas paragens e que eu vá percebendo por onde anda e ao que vem. Com esse nome, já nada disso me será indiferente. Fique bem!

Manuel S. Fonseca disse...

Sofia Galvão (a própria, ou seja, a nossa),

fiquei cheio de inveja - mas porque é que eu não me lembrei - de que goste e eu não tenha dito o quanto também gosto de:

- filmes de cowboys (Ford & Hawks);
- de conversas à lareira;
- de jantar, mesmo cedo, no Hotel Costes;
- do Jorge de Sena, sempre.

retribuo o pessoalíssimo afecto. Esta coisa da Geração de 60 é uma barquinha que, a caminho de Belém, a bombordo parece uma comunidade de base linha Vacticano II, a estibordo tem um arzito de tribo hippie. Uma ternura.