Tempo:
O provocante texto do Manuel Fonseca suscita sete anos (é muito tempo...) de reflexões, e outros tantos espelhos quebrados, presos porventura a paredes prestes a perder o pecado.
Como Einstein provou, o tempo depende sempre do observador e, sem ser esse o seu desígnio, confirmou que o tempo é, antes de mais, uma poética da intimidade. É claro, tão claro e doce como a água da metafísica Manuelina,
Como Einstein provou, o tempo depende sempre do observador e, sem ser esse o seu desígnio, confirmou que o tempo é, antes de mais, uma poética da intimidade. É claro, tão claro e doce como a água da metafísica Manuelina,
que não existe Tempo, existem tempos. Os limites desses tempos são, no que é maior, os esforços bravos da luz e, no que é mais pequeno, as disposições das partículas base. No mundo cosmogónico, poderá haver fronteiras para além da Graça dos fotões, mas não os conhecemos. No mundo quântico, todas as fronteiras se quebram: literalmente, qualquer coisa pode estar em dois sítios ao mesmo tempo (estar ou não à mesma velocidade, já é outra questão).
Talvez o passado seja a única dimensão que se ajusta aos absolutos mentais. O presente foge de nós, como os soldados da rainha de copas de "Alice no País das Maravilhas" fogem da quietude. Mas a certeza de o tempo deixar sempre de ser tempo para o poder ser é o segredo da nossa hipótese de felicidade: se paramos o momento em que estamos felizes, entramos nas recordações. E essas são vidas imensamente belas, mas a preto e branco.
Só no efémero existe Technicolor.
2 comentários:
Pedro,
Acho que tive uma repetida experiência de tempo quântico. Ainda por cima ligada a espelhos. Data de um longínquo passado, tendo tudo acontecido no meu velho barbeiro de Luanda (um dia conto, um dia conto). Quando eu me sentava na cadeira, em frente ao espelho, e tendo por trás outro imenso espelho, via-me reproduzido a várias dimensões, numa interminável fila de "eus" que, mesmo para mim (imagino para o meu barbeiro e compreendo agora a razão de alguns cortes de cabelo), a visão, em technicolor, roçava o pesadelo. Não sei se Bertrand Russell, mais dado a navalhas do que a tesouras, resolveu alguma vez esse paradoxo. Mas senti, em definitivo, que a ubiquidade, supondo a repetição ad nauseam do mesmo, não se recomenda a ninguém. Um abraço e a ver se nos encontramos um dia destes.
meus caros, no fim do dia, «the fundamental things apply»:
This day and age we're living in
Gives cause for apprehension
With speed and new invention
And things like fourth dimension.
Yet we get a trifle weary
With Mr. Einstein's theory.
So we must get down to earth at times
Relax relieve the tension
And no matter what the progress
Or what may yet be proved
The simple facts of life are such
They cannot be removed.]
You must remember this
A kiss is just a kiss, a sigh is just a sigh.
The fundamental things apply
As time goes by.
And when two lovers woo
They still say, "I love you."
On that you can rely
No matter what the future brings
As time goes by.
Moonlight and love songs
Never out of date.
Hearts full of passion
Jealousy and hate.
Woman needs man
And man must have his mate
That no one can deny.
It's still the same old story
A fight for love and glory
A case of do or die.
The world will always welcome lovers
As time goes by.
Oh yes, the world will always welcome lovers
As time goes by
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