Honoris Causa
Entre reis e presidentes há 840 anos que um chefe de Estado português não punha os pés no reino do Leão. Temo que haja agora razões estéticas para que nova longuíssima ausência se repita. Cavaco Silva, o nosso presidente, recebeu um doutoramento que bem merece e que Leão em peso lhe atribuiu sem reserva mental.
Não vejo é que haja rituais académicos (e o meu leque de gosto é muito aberto e tolerante) que possam obrigar um Presidente, que cada vez veste com mais elegância, a sujeitar-se ao vexame de servir de abat-jour como nas fotografias só palidamente se observa. A partir de agora, para além de jurarem a Constituição, exige-se aos Presidentes de Portugal que recusem doutoramentos em Léon. Por honoris causa, claro.
9 comentários:
Não é só Léon. Toda a Espanha doutoral se veste assim. Deve ter sido vingança de algum costureiro em tempos idos! Faz lembrar os trajes da loja de que se falou aqui há uns tempos.
Manel, olhe que me lembro de piores cenários construidos com gravatas compradas sob o efeito anestesico de Cannes ou LA. E aí não era castigo... Honoris Causa da geração Playboy????
é o que se chama uma «horroris causa»...
O professor Cavaco tem quatro doutoramentos: um, o primeiro, em York - e mais três honoris causa, atribuídos na Corunha, em Goa e, agora, em Leon. Noto que são quatro universidades prestigiadas...
Manel, acho que o Pedro e eu esperavamos uma reacção. Afinal as memórias são são despreziveis. Dizem memso que elas são responsáveis em pelo menos 40%, pela nossa felicidade.
Antes de mais, caro Capitão Tormenta, quero dizer-lhe que encaro os doutoramentos do Professor Cavaco como os doutoramentos que nunca terei. São dele e é como se fossem meus. Acho que o Professor os merece e, para que não fiquem dúvidas, considero-o o melhor primeiro-ministro depois do revolução dos cravos (e digo-lhe que já que pouco tenho a ver com os que governaram antes, num período que estou longe de achar que fosse de rosas).
Reservo agora algum tempo de antena para intervenientes mais capitosos, if you pardon my french dear Captain Storm.
Chére Helená, sabe bem que j'aime pas les cravates. E não pense que insinuações heffnerianas me atiram, na grelha, para late night. Eu sei que a Helena sabe que eu sei que os meus penduricalhos (gravatas, if you know what I mean) são puro prime-time: de Kenzo a Armani, com a irreverência Ben in between.
E a si, iconoclasta Pedro, em gravatas diria, na linha da declaração desta tarde do expoente de elegância de Gondomar, que em gravatas lhe dou quinze a zero.
Queriam música? Só fiz entrar os violinos. Se quiserem ataquem com os sopros que na altura já terei preparada bateria e percussão. aos dois um muito kimbundo kandandu
Manel, os seus violinos entraram a matar. Música muita, nas sua arte de usar as palavras- las palabras que cantan,las que suben y bajan...Me prosterno ante ellas..las amo, las adhiero,las persigo,las muerdo, las derrito...las que glotonamente se esperan, se acechan,hasta quie de pronto caen...las revuelvo,las agito,me las bebo,me las zampo,las trituro,las emperejilo,las liberto. Viven en el féretro escondido y en la flor apenas comenzada.. (neruda in Confieso que he vivido)
Bom, Helena, até eu ajoelho e rezo, mas não a Neruda, que não é santinho da minha devoção. Um beijo
Meu caro MSF,
Nenhum professor merece um doutoramento em York. Melhor: professor não se faz doutor em York. Se o professor economista Cavaco se doutorou em York - estamos conversados. A classe do doutorando está de acordo com o prestígio da universidade. O homem até pode ter sido o melhor primeiro-ministro desde a revolução dos cravos - evidência que não tem nada a ver com o perfil académico. Cavaco nada acrescentou à Ecomonia. Não investigou e não ensinou: papagueou sebentas sem brilho. É, pois, uma pouco capitosa figura. Mas disso eu não tenho culpa.
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