Geração Absinto
Tenho dois filhos adolescentes e confesso que procuro quem comigo se insurja quanto ao que uso chamar a “geração absinto”.
Os meus filhos crescerão sem poder fumar porque “fumar mata” mas poderão continuar a beber shots de vodka e de absinto em todos os locais nocturnos próprios para a diversão de adolescentes.
Extraordinário: uma cerveja custa um euro mas um shot de Vodka ou Absinto custam apenas 90 cêntimos.
Ou seja, em nome do negócio, das margens e do lucro, dos chamados empresários da noite (a maior parte, sabemos, de escrúpulos bem reduzidos), os meus filhos não se podem matar a fumar mas podem envenenar-se com bebidas brancas que além de lhes dar cabo do fígado lhes matam com toda a certeza boa parte dos neurónios.
Numa era em que se questiona a legitimidade do Nobel atribuído a Egas Moniz por ter inventado a lobotomia, em Portugal “lobotomizam-se” as gerações vindouras em nome do desenvolvimento da “economia nocturna”.
As autoridades portuguesas que tanto gostam de cumprir o que está dentro e além do seu papel não se lembraram ainda de dar uma olhadela nas noites dos adolescentes? Ou será que este é apenas um lapso calculado…
Já pensaram no jeito que dá ter esta geração de absinto “adormecida” quando daqui a 10 anos estiver na idade activa?
4 comentários:
Mais espectacular é proibir fumar num parque de estacionamento coberto, mas permitir continuar a obrigar os não-fumadores a respirar o fumo dos escapes dos automóveis.
Tenho três filhos. Quero lá saber que emborquem uns shots de vez e quando... Desde que saibam que o Egipto não fica na Ásia. Faço-me entender? Em Julho de 2006, o mais velho foi foi arrastado pela mãe para o Rock in Rio. O imbecil, que me vai sair engenheiro de máquinas e sabe muita coisa sobre cambotas, bielas, geometria analítica, trigonometria, equações do terceiro grau, pouco ou nada sabia sobre Pink Floyd, Roger Waters, Carlos Santana. Nem ele, nem a namorada - também das engenharias, mas de de outro ramo mais delicado, o Ambiente. Só tinham ouvido 'Another brick in the wall'. Ignoravam o resto: 'Samba Pati', 'Black Magic Women', 'Dark side of the moon'... O rapaz, vá lá, ainda lê umas coisas - graças a um Plano Familiar de Leitura que, constatámos, tinha graves lacunas. Eu e a mãe fizemos a edição caseira de uma espécie de enciclopédia alfabética com o essencial sobre os anos 60 e 70. Os rapazes até aprenderam umas coisas... Os shots não fazem mal. A ignorância é que é mortal.
Apesar de tudo há uma diferença fundamental: os shots não vão parar aos pulmões dos inocentes "by-standers".
Só uma nota sobre Egas Moniz: a visão hoje, da importância do neurologista está completamente distorcida. A lobotomia restituiu centenas de doentes às suas famílias, enquanto antes estavam encarcerados em manicómios, em condições sub-humanas. Um outro aspecto fundamental foi a restituição da noção do cérebro como origem da mente, em oposição aos "psicólogos" que ainda por aí pululam.
Só para a mãe Helena ficar mais descansada, há mais de 18 anos que se emborcam shots de rajada. Todas as gerações passaram por lá e por flagelos de dependencias ainda piores, não nos esqueçamos dos principios dos anos 90 em que grande parte da juventude ficou toxicodependente da heroína, mjuitos deles já não pisam o mesmo chão que nós, infelismente.
Por isso deixe-me que lhe diga que não se sinta incomodada com isso pois já vi muita desgraça junta, quer com alcoól quer com drogas duras. Acho que estamos melhores se bem que o consumo tenha aumentado com as ofertas.
Mas é toleravel as pielas dos mais novos. Penso que em relação ao tabaco a coisa é mais dramática pois é a maior draga legal vendida em Portugal, e se o Governo estivesse interessado com a saúde dos portugueses tinha fechado a Tabaqueira Nacoinal, e tinha perdido muito dinheiro a entrar-lhe nos cofres. Concordo com a lei se bem que está mal feita do ponto de vista técnico.
Venha um kalashnikov para a mesa do canto.
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