quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Ayaan Hirsi Ali

Há quatro anos que Ayaan Hirsi Ali está condenada à morte por um grupo islâmico de Amsterdam. Ela é igual a Salman Rushdie. Com uma diferença: não tem a nobre Scotland Yard a montar-lhe guarda.
De origem somali, foi deputada holandesa e fez, com o realizador Théo Van Gogh, um filme – Submission – denunciando a crueldade islâmica sobre as mulheres. No filme, como se vê na foto abaixo, os versículos do Islão apareciam escritos nos corpos nús de mulheres. O escândalo foi total. Mais: Ayaan fez votar uma lei contra a mutilação genital das mulheres que se continuava (continua?) a praticar no interior de comunidades imigrantes na Holanda.
Ayaan não é de medir palavras. Sustenta que o Islão actual é incompatível com o estado de direito. O Islão não admite que se questione a crença e não admite aos fiéis que obedeçam às leis seculares.
Obrigada a refugiar-se nos EUA, a Holanda deixou, por isso, de lhe dar a vigilância policial de que necessita. Nos EUA, as autoridades alegam não poder dar-lhe também protecção especial, por ser estrangeira sem nenhuma estatuto oficial. Agora, de visita à França, Ayaan pediu a nacionalidade francesa. ”J’ai besoin d’aide”, disse ela, no domingo passado, lembrando a Sarkozy a promessa do seu discurso de vitória: ”A chaque femme martyrisée dans le monde, je veux dire que la France offre sa protection en lui donnant la possibilité de devenir française." Saiba mais aqui e aqui.


9 comentários:

Anónimo disse...

Com estes posts vale a pena ter um blog! Este governo francês tem posições interessantes (cito de um dos links indicados pelo Manuel): '"Nous sommes vos amis. La France éternelle, celle de 1789, de Hugo, de De Gaulle, vous a entendue", a assuré la secrétaire d'Etat aux droits de l'homme'. Têm um secretário de Estado dos direitos do Homem! Vive la France e que este caso tenha um bom desenvolvimento.

joshua disse...

Pois que essa salvífica nacionalidade francesa não lhe tarde! Já tinha ouvido falar de Ayaan Hirsi Ali, mas com esta tua posta, fico melhor conhecedor e rendido a tal activista, exemplo a seguir em todos os quadrantes porque se não for pela malignidade da excisão clitoriana feminina, da estupidez brutal de um Islão Estrito Corrosivo/Desobediente às Leis do Estado de Direito, há sempre outras malignidades em cuja denúncia faltam outras tantas activistas.

Há sempre o assalto aos direitos laborais e à sanidade do trabalhador por conta de outrem, a imundície da corrupção, a falta de respeito pelos contribuintes e pelos cidadãos na ausência de transparência nos vencimentos dos Gestores Públicos, onde há prémios de produtividade numa CP com prejuízos acumulados e sistemáticos. Brincamos.

Claro a que quem se assume o trono do sucesso e do bem-estar tudo parece bem até que os dentes da rebelião e da insatisfação comecem a mostrar-se rasgando paz podre social, não é, ó Manel?!

PALAVROSSAVRVS REX

Igor Caldeira disse...

Para aqueles que afirmam que a França está morta... pois é, pois é.
Não é tirar o mérito aos países anglo-saxónicos, que pelas armas já nos salvaram na II Guerra e na Guerra Fria.
Mas quando se trata de pensar, são os franceses que nos salvam.

Anónimo disse...

é caso para se dizer .... «chapeau»!

Anónimo disse...

Antes de mais nada, quero dar-lhe os parabéns por este post, uma vez que sou daqueles que olho para a Ayaan Hirsi Ali como um verdadeira heroína dos tempos que correm, num mundo cada vez mais vergado ao medo imposto por fundamentalismos que todos silenciam, de forma mais ou menos assumida.

É extraordinário que na blogosfera portuguesa, sempre tão atenta a causas e preocupada com os atentandos aos direitos humanos no mundo, só o seu blogue e o Atlântico, através do qual aqui cheguei, falem sobre este verdadeiro drama, quando o que está em causa é mais uma derrota da nossa "civilização".

A posição dos EUA é inenarrável. Refugiar-se no argumento de que a falta de estatuto oficial impede uma protecção especial é uma completa vergonha. Por aquilo que esta mulher significa e pela coragem que sempre demonstrou, merece certamente não ter que andar a pedir de forma quase humilhante protecção. Foi traída e provavelmente acabará da pior forma possível. Espero estar enganado.

Um abraço e obrigado mais uma vez pelo excelente post.

Manuel S. Fonseca disse...

Agradeço os comentários e, sem falsas modéstias, faço notar ao João Costa que me limitei a fazer eco duma notícia. O mérito e a iniciativa são franceses e, em particular, de Bernard Henri-Lévy, uma das figuras chave na visita de Ayaan a França. Comungo consigo a admiração por figuras que nos ajudam a combater o medo e a formatação do pensamento, venha ela da direita ou da esquerda. Um abraço

Igor Caldeira disse...

João Costa, apenas uma questão: Hirsi Ali é tema frequente de posts em muitos blogs, tanto à Esuqreda como à Direita. Recentemente estive a fzer um pequeno levantamento de posts sobre o multiculturalismo, e só para referir um blog de Esquerda com alguma relevância, o Esquerda Republicana, sem me esforçar muito, encontrei dois... ambos sobre Hirsi Ali.

É também preciso nunca esquecer a mensagem global de Hirsi Ali. Ela não é islamofóbica nem pró-cristã. Ela é uma racionalista, uma individualista e uma admiradora/seguidora/admiradora do Iluminismo. E portanto avessa a qualquer religião como princípio e a privilégios estatais aos cultos como posição política.

Garanto-lhe: se Hirsi Ali fosse lida com olhos de ler, haveria bem menos elogios (o Insurgente, por exemplo, não percebo como pode aplaudi-la, quando ela é exactamente o contrário de tudo o que eles defendem) a Hirsi Ali.

Já agora, para quem não conhece aqui vai o blog dela
http://ayaanhirsiali.web-log.nl/ayaanhirsiali/

E um debate entre Hirsi Ali e Garton Ash
http://www.axess.se/web/main.nsf/webbklipp?openpage&ID=79EF074EE9D8C616C12573AC0034371F

Anónimo disse...

Igor, eu apenas me referi ao facto de apenas ter visto em dois blogues, daqueles de que sou leitor regular, a referência ao DRAMA ACTUAL porque passa Hirsi Ali.

Quanto às convicções da senhora Ali, estou suficientemente bem informado desde os tempos em que a mesma foi eleita depudada pelo Partido Liberal (VVD) holandês há mais de 5 anos.

osátiro disse...

Significativo é o esquecimento dos grandes meios de comunicação social sobre esta heroína.
Praticamente só é conhecida na blogosfera.
Mas o Daniel Cohn-Bendit anda sempre nas bocas do Mundo, embora não chegue aos calcanhares da Ayaan...