sábado, 5 de janeiro de 2008

Duas Jovens Mulheres

São duas jovens mulheres. Nenhuma tem a harpa de sombra da invocação do poeta de “O Amor em Visita”. São duas jovens mulheres de Vermeer. Pintou-as com uma diferença de dois anos. Entre a que despreocupada dorme no quadro de 1656 e a que, inquieta e no desassossego de 1657/59, vem ler à janela, mais do que o tempo parece ter passado uma sombria canção de experiência. Talvez, esse invisible worm da “Sick Rose” de Blake. Arbusto de sangue?

1 comentários:

joshua disse...

Olha, Manuel, a tua reflexão a tender para o ecfrásico remete para esse diálogo da obra-de-arte com a obra-de-arte, dimensão tão em aberto para nós, neste século, que podemos aceder a suportes alternativos: a mulher vermeeriana, neste caso, suscita-me uma densa contemplação, remete-me àquele ócio antigo em que, talvez, o ensimesmamento medrava e fermentava silencioso, tão silencioso como a urgência do Grito-Arte.

Abraço

Estou contente pela abertura declarada entre nós das 'hostilidades'.

PALAVROSSAVRVS REX