segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

I. Proclo, Teologia Platonica. Testo greco a fronte, Bompiani, 2004


Há sempre algo de convencional em se falar de limites. O maior, o primeiro, o último são sempre qualificações algo temerárias, e apenas impressivas. Quando se diz que Einstein criou a teoria da relatividade, que foi o primeiro a pensar tal coisa, não nos podemos esquecer de Kaufmann, Minkowski, Lorentz e o imenso Poincaré. Já não contando com muitos outros antecessores, como Mach, Leibniz, Montucla, onde se queira ir....

Mas não é pecado afirmar limites quando se tem consciência que estes são apenas guias. Para os efeitos que agora me interessam valem eles para fustigar mais um dos lugares comuns de que a menoridade do homem público tanto gosta. Influenciado pela má disposição de Gibbon, de que nunca ouviu falar, algumas reminiscências de Renan e Feuerbach, um tempero mal digerido de Nietzsche e sobretudo muito ensinamento liceal mal assimilado, vem-nos dizer que o cristianismo (esse tal que não seria fundamento da Europa, porque a Europa é laica, logo, é apenas um sistema político e não uma civilização) fez cair um projecto de homem feliz, pujante e no fundo mais (ou menos consoante os gostos) humano.

O homem antigo seria afinal o epítome da humanidade, e todos nós sabemos que andava ele pelos jogos olímpicos, pelos bacanais, discutia filosofia. Era em suma mais livre e mais feliz. A estreiteza de vista que equipara um grego a um romano, e a época de Sólon à de Zenóbia, apenas mostra que nada sabem do que falam.

Por isso é importante observar os últimos sinais desta vida da antiguidade, ou melhor os seus últimos representantes mais ou menos puros.

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