quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Rei Jesus

Para dizer o mínimo, “Rei Jesus”, da autoria de Robert Graves, é um romance controverso. Alguns, mais eufóricos, dirão que é dos mais controversos romances do século XX. Outros, mais exaltados, invocarão o direito (a obrigação até) de o considerar uma blasfémia. O Jesus de Graves é-nos apresentado como o herdeiro autêntico do reino de Israel, tanto pela lei hebraica, como pela lei de Israel. Jesus tinha, por nascimento, legitimidade para reclamar o trono. E era assim por que a natividade de Jesus, filho de Maria, nada tem a ver, no romance de Graves, com o mistério, com a versão mística, que a teologia católica consagrou. A tese da Virgem Mãe é liminarmente rejeitada por Graves que retrata Jesus como poeta, sage e um confessado inimigo das mulheres que acaba, por fim e por ironia, adoptado como herói delas.
Publicado em 1946, com incómodos vários (dizem que Churchill adorava o livro, mas teve publicamente de se reservar nos cumprimentos a Graves), nunca fora editado em Portugal. Agora, com tradução brilhante de Rui Santana Brito, vai ser colocado nas livrarias nos próximos dias pela – pois, é claro, estou a ser juiz em causa própria – “Guerra e Paz”.
Custou um dinheirão à editora (são 539 páginas aventurosas), o que é uma rematada loucura, quando toda a gente nos diz, e é mais do que sabido, não haver leitores para o maravilhoso destas “escavações bíblicas”. Tudo ponderado, não contem com ofertas do editor, e vamos lá às compras a ver se esgota. Desmintam, se faz favor, a pessimista vox populi.
ps - Acima, onde digo, "... pela lei hebraica, como pela lei de Israel", eu queria dizer "... pela lei hebraica, como pela lei de Roma". Fica feita a correcção.

1 comentários:

Anónimo disse...

Ora aqui está um excelente conselho de leitura para este fds, já!

O tema definitivamente interessa-me e, diga-se, que a editora "não é mazita de todo".):::::

Gde beijinho,
a

ps: Aconselho o "Dom Supremo" de Henry Drummond- muitos fazem confusão e dizem que é de Paulo Coelho, pois foi ele que traduziu, o que induz numa série de preconceitos tontos- escrito por um frade no século XV. Devia ser obrigatório ter este livro. Sem se dar por isso, aprende-se o "amor" com... Amor.