Nadar para fora de pé
Arrisco nadar para fora de pé. Na plateia estava um misterioso companheiro de blog bem mais autorizado do que eu para discorrer sobre o tema. Mas a verdade é que saí do Casino do Estoril com uma irreprimível vontade de dizer mal de Coppola. Talvez porque a expectativa fosse muita (dez anos sem filmar é muito ano). Talvez porque me parecesse natural exigir-lhe que honrasse a memória do «Padrinho», de «Cotton Club», de «Gardens of Stone» de «Rumble Fish» e sobretudo de «Apocalypse Now». Talvez porque estivesse roído de curiosidade para ver Bruno Ganz dirigido por Francis Ford. Seja porque razão fosse. Do amargo de boca é que ninguém me livra. Pretensioso e desconexo, polvilhado de clichés e de lugares comuns, enfeitado com um misticismo «new-age» que arrepiaria até o Paulo Coelho, «Youth Without Youth» é uma espécie de «Coppola-meets-Lynch» sem o vigor das obras anteriores de Coppola e sem nada que se assemelhe à perturbante dimensão onírica dos filmes de Lynch. Tim Roth passa pelo filme sem deixar marcas e Bruno Ganz deixa Adolf Hiltler às voltas no túmulo. É verdade que Alexandra Maria Lara é linda mas ninguém vai ver Coppolas para se contentar com uma cara laroca.
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