De Manaus para Manuel
Há anos fiz uma viagem pela Amazónia com paragem obrigatória na magnífica cidade de Manaus. Como gosto, passei os olhos pelo que se vendia numa livraria local tendo comprado uma colectânea de 100 discursos históricos onde pontuam Cristo, Sócrates (o legítimo) Galileu, Napoleão, La Passionária, Frei Bartolomeu de las casas, entre os outros 94 autores. A página 161 apanha o Sermão da Sexagésima de Padre António Vieira que, na linha cinco reza assim sobre a misericórdia de Deus: «em que se manifesta a majestade, a grandeza e a glória da vossa infinita omnipotência é em perdoar e usar de misericórdia: «pois» em castigar vencei-nos a nós, que somos criaturas fracas: mas em perdoar vencei-vos a vós mesmo, que sois todo poderoso e infinito»
Esta passagem reporta-me a um episódio da minha vida de jornalista. Durante uma entrevista, aparentemente simples, surgiu a questão do perdão, em tese. O entrevistado parou de falar e fez um silêncio que, a meus olhos, apenas atrasava o expediente daquele «trabalho». Depois acrescentou: «Essa é a questão mais difícil do Homem. Perdoar». Não tive outras e ali prolongámos o nosso silêncio.
2 comentários:
Bela citação Inês. Obrigado pela resposta ao desafio.
Sobre o Poder, o Perdão e a magnanimidade que dele emana há uma cena arrepiante na "Lista de Schindler" de Steven Spielberg. A ver, como costumam dizer os críticos.
Fantástico desafio, Manuel. Obrigada. A frase da Sofia também é um assombro. Lá responderei.
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