II. Hodiernos cristãos: em meio hostil
Em que sentido o meio é hostil aos cristãos? Vejamos em quê:
1) Encontra-se em concorrência. Com outras religiões, mal assimiladas quando são de importação, representadas por um sub-proletariado que as vive de forma intelectual e muitas vezes espiritualmente pobre quando o importado são as pessoas que as praticam. Está em concorrência com humanitarismos que mais não são que derivados de segunda linha do cristianismo, que o parasitam de forma inconsequente sob o ponto de vista espiritual. Os direitos do homem, o terceiro-mundismo, os altermundialimos, a assistência social informal. Está em concorrência com um espaço lúdico alargado, como a televisão, a Internet e os centros comerciais. Pobre concorrência cujo sucesso, embora não vitória, mostra mais a pobreza da época e de quem nela se deixa viver que a pobreza do cristianismo.
2) O cristão é herdeiro por excelência de uma História de crimes. As inquisição, a cruzadas e assim por diante. Mas quando perguntamos a qual das cruzadas se refere o desprovido que enuncia a crítica, vê-se que não estudou nenhuma. Como se São Luís, a cruzada das crianças, a conquista de Constantinopla e o império latino de Constantinopla, ou a aventura de Ricardo Coração de Leão se pudessem reduzir às mesmas motivações, meios e confrontações. O mesmo se diga sobre a inquisição. O mais curioso é que quem costuma fazer essa crítica é funcionário público. Mas aí já não se sente herdeiro do Estado do século XVI que não apenas era braço secular da Inquisição, mas igualmente inquisição secular. E se não se sente responsável por esse Estado é que considera que ele é fruto de um novo Hapax, de uma nova Incarnação, que seria a revolução francesa, as revoluções os liberais ou a revolução industrial inglesa, a científica, ou outro expediente de simplista visão histórica.
3) Numa época em que o sexo tem função redentora o cristão é visto como ou não tendo sexo, ou praticando apenas a posição de missionário. O cristão é o incompetente sexual, que significa forçosamente desprestígio social. Pergunta-se de onde se retirou tal fantasia e que estranha tara leva a classificar os outros precisamente pelo que deles não se pode saber.
4) Os cristãos são intranscendentes sob o ponto de vista da mentalidade. Quando se vêm os sacerdotes da pseudo-modernidade (por sinal criaturas que dela apenas fruem, mas para ela nada contribuíram) vemos uma cara de “já fui e já vim”, condescendente em relação aos cristãos, vistos na melhor das hipóteses como uma espécie de Bororós com rituais primitivos. Mas quando olho esses condescendentes que pensam que já foram e já vieram pergunto-me se o ponto de partida e chegada é alguma doca, uma esquina de rua, ou um programa infantil colorido.
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