Coisas que me acontecem
Regressei dos EUA em 2001. No ano seguinte concorri ao grau de consultor hospitalar, dado que a minha carreira nos EUA, naturalmente não tinha equivalência em Portugal. O concurso era curricular, pelo que entreguei 5 folhas com titulos, cargos e publicações. Entre a abertura do concurso e a sua realização, demoraram...(quem dá mais, quem dá mais?): 5 anos! O Juri do concurso tratou-me no geral com alguma benevolencia e sentido de humor, mas lá foi dizendo que eu não tinha lido "o decreto", porque o CV não estava de acordo com as normas. Não bastava dizer que tinha feito a post graduação na Columbia, ou que era professor na Cornell. Faltavam cartas de recomendação...Um dos membros deixou-me espantado ao interrogar-se porque razão estavam os meus artigos publicados em revistas americanas e não portuguesas. A interrogação era genuína, a curiosidade intrigada, real. O mais espantoso da história, é que os 5 anos que mediaram entre a abertura do concurso e a sua realização, teriam de ser ignorados no avaliar do candidato. Buraco negro da minha existência, teria de ser avaliado em 2007 como se o tempo tivesse parado em 2002. Pena as rugas, mistério os cabelos brancos.
3 comentários:
Que miséria!
Vivi 11 anos fora de Portugal e estas histórias revoltam-me profundamente. Histórias de um Portugal em que um C.V. começa pelo nome do pai, da mãe, nº do BI, e outros detalhes igualmente inuteis. Histórias de um Portugal em que a preocupação dos funcionarios públicos é preencher papéis sem pensar. Histórias de um Portugal em que o funcionalismo público não evoluiu e parou no tempo da carta (em papel de 25 linhas azuis, claro!!!) nunca tendo sequer chegado ao fax e para quem o e-mail é obra do Diabo e pouco seguro.
uma vergonha
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