segunda-feira, 10 de setembro de 2007

I. Hodiernos cristãos: premissas

Não deixa de ser curiosa a situação dos cristãos, sobretudo na Europa actual. Maioritários em número, minoritários ideologicamente. Não é uma situação nova. Os escravos e as mulheres, por vezes os metecos, tiveram o mesmo estatuto. O problema é que esse estatuto foi dado por outros. No caso dos cristãos resta saber que outros criaram essa situação.

Temos de partir de duas premissas muitos simples.

Em primeiro lugar, o fundamento de todas as civilizações é religioso. As grandes obras-primas e os grandes avanços de cada cultura fazem-se em diálogo, confronto, luta, conciliação e superação desses mesmos fundamentos. Uma Eneida ou a criação do cálculo infinitesimal não se fazem pensando na notícia do momento. Nem assentam em estruturas meramente técnicas, assépticas.

A segunda é a de que o que caracteriza o ser humano é o confronto com o eterno, o infinito e o absoluto. Negar esse confronto ou abdicar dele é pura amputação. O ateu tem apenas uma deficiência lógica. É alguém que disse “vi toda a realidade e não encontrei Deus”. A premissa é forçosamente falsa. O agnóstico, o que se senta a meio do caminho, mais honesto, mas não percebendo que o mistério não é apenas uma pergunta mas também a resposta.

Dito isto, facilmente verificamos que o cristão, sobretudo o europeu, quando manifesta a sua religião fá-lo por acto de coragem. Isto porque se encontra num meio que lhe é profundamente hostil.

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