Inventar a roda em Lisboa
Graças à nossa gloriosa tradição construtivista passamos a vida a inventar a roda. Não me espanta portanto que sejam raras as referências que os candidatos à CML têm feito a experiências concretas levadas a cabo em cidades e capitais concretas e que possam servir de inspiração para Lisboa. Eu que não sou candidato e que estou mesmo atacado por um desagradável «embarras du choix» (tão grande e tão pobre é a escolha) permito-me citar dois exemplos sobre os quais valeria a pena pensar e sobre os quais gostaria de ouvir os candidatos:
- O que pensarão os nossos candidatos da política que Ken Livingstone instituiu em Londres com vista a controlar o trânsito no centro da capital inglesa? Recordo que a sua medida mais emblemática, e muito contestada à época, consistiu na introdução de uma taxa diária de £5 (subsequentemente aumentada para £8) a ser paga por todos os automobilistas que entram no centro de Londres. O próprio Ken Livingstone assina, hoje mesmo, um artigo de opinião no NYT onde faz o balanço de quatro anos da experiência. De leitura obrigatória para os mais cépticos.
- E o que pensarão sobre a experiência, largamente conhecida e documentada, de combate à pequena criminalidade que Rudolph Giulliani levou a cabo em Nova Iorque? Se é certo que Lisboa não tem, felizmente, índices de criminalidade alarmantes, não é menos verdade que por todos os lados abundam os sinais de uma deterioração da situação.
Com tão pouco tempo para decorar tanta sigla não seria boa ideia que os candidatos não perdessem tempo a inventar o que está inventado?
1 comentários:
É sempre melhor inventar a roda, é mais giro e dá menos trabalho, porque não é preciso aplicar (basta planear, durante quatro anos, e depois passar a bola ao próximo planeador).
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