Circular sim! E produzir?
Em “Ainda a Globalização e a Cultura” o Miguel Poiares Maduro parte do meu post para uma incursão em que defende a livre circulação dos bens culturais, perguntando-nos, e cito, se “haverá uma grande diferença, em termos de diversidade cultural, se a grande maioria dos portugueses em vez de verem todos telenovelas passarem a ver séries americanas?”. Partilho praticamente todos os considerandos e conclusões dele, só que o meu post tinha uma natureza bem diferente. O meu problema já não é a circulação, cuja liberdade (e decorrentes vantagens) dou como adquirida; o meu problema é a produção. O que eu quero é que no Brasil a grande maioria dos brasileiros possa ver telenovelas portuguesas e que nos Estados Unidos da América, a grande maioria dos americanos possa ver filmes portugueses. E quem diz telenovelas e filmes, diz livros ou música.
E é sobre a dinâmica que é necessária aos empreendedores portugueses que me interrogo. Temos que pensar, também nessas áreas, um “mercado interno” que vá para além das nossas fronteiras. Mas até onde é que podemos chegar? A minha modesta e primeira ambição é imaginar um “mercado interno” do tamanho da Península Ibérica, fazendo desta “jangada” a rampa de lançamento para voos mais altos. Ainda vamos a tempo? E a será que a competição global admite o faseamento que proponho?
E é sobre a dinâmica que é necessária aos empreendedores portugueses que me interrogo. Temos que pensar, também nessas áreas, um “mercado interno” que vá para além das nossas fronteiras. Mas até onde é que podemos chegar? A minha modesta e primeira ambição é imaginar um “mercado interno” do tamanho da Península Ibérica, fazendo desta “jangada” a rampa de lançamento para voos mais altos. Ainda vamos a tempo? E a será que a competição global admite o faseamento que proponho?
1 comentários:
Perante a globalização, nem todas as indústrias são iguais e isso por uma razão: há sectores com gigantescas economias de escala e outros que podem ser feitos produtivamente no vão da escada. Esta distinção é importante. No cinema há essas economias de escala e por isso os filmes exportáveis são massivamente mais rentáveis. Este problema é antigo: Gerben Bakker(1) mostrou como o cinema americano destronou o Europeu a partir do sonoro, nos anos 1930, precisamente porque o europeu não era exportável por causa da diversidade linguística. Isto significa que, perante a globalização, se podem justificar algumas ajudas, sempre marginais. Mas cuidado, num mundo em que ainda é preciso defender a globalização como um bem, estes argumentos económicos mais sofisticados podem não ser bem entendidos.
(1) Ver no Google: "The Decline and Fall of the European Film Industry: Sunk Costs, Market Size and Market Structure, 1890-1927".
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