QUANDO FORES VELHA, GRISALHA, A CAIR DE SONO
Hoje ainda não é o meu dia de escrever – neste blog colectivo temos um dia em que obrigatoriamente nos cabe fazer as despesas da casa; o meu é amanhã – mas as leituras do Nelson Rodrigues misturaram-se com a memória de um velho poema de Yeats e não resisto a regressar ao tema do Amor Único tão caro ao cronista carioca. Não é, ao contrário deste domingo pascal, um poema de ressureição. É um poema do amor que aceita e se cumpre, em toda a plenitude, na morte. Na mesma linha do “Um Aviador Irlandês Prevê a Sua Morte” que guardo para um dos próximos dias.
QUANDO FORES VELHA
Quando fores velha, grisalha, a cair de sono,
Cabeçeando à lareira, toma entre as mãos este livro,
Lê-o devagar, e sonha com o olhar meigo
E as fundas sombras dos teus olhos outrora;
Tantos amaram os teus momentos de alegre encanto,
Tantos amaram a tua beleza com falsa ou sincera paixão,
Mas só um homem amou a tua alma peregrina,
Só um amou a mágoa da mudança no teu rosto;
E inclinada sobre a grade incandescente,
Murmura, com resignada tristeza, como o Amor te deixou
E súbito correu pelas montanhas
Escondendo o rosto na multidão das estrelas.
When You Are Old, in “The Rose” (1893)
QUANDO FORES VELHA
Quando fores velha, grisalha, a cair de sono,
Cabeçeando à lareira, toma entre as mãos este livro,
Lê-o devagar, e sonha com o olhar meigo
E as fundas sombras dos teus olhos outrora;
Tantos amaram os teus momentos de alegre encanto,
Tantos amaram a tua beleza com falsa ou sincera paixão,
Mas só um homem amou a tua alma peregrina,
Só um amou a mágoa da mudança no teu rosto;
E inclinada sobre a grade incandescente,
Murmura, com resignada tristeza, como o Amor te deixou
E súbito correu pelas montanhas
Escondendo o rosto na multidão das estrelas.
When You Are Old, in “The Rose” (1893)
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