A democracia da impotência
Não vou perder tempo a
valorar cada um destes aspectos. Apenas os vou elencar e dizer da sua
implicação. Desde o início dos anos 1990 que na Europa se diz que matérias
fundamentais não dependem do voto popular. Mais ainda, que não há nada a fazer
na matéria:
1) a imigração - são os
tribunais sobretudo o tribunal europeu dos direitos do homem que a definem.
Além do mais é uma inevitabilidade nada podemos fazer contra ela
2) a islamização - é algo
de bom mas quando se referem aspectos negativos diz-se que temos de viver com
ela, que temos de fazer acomodações razoáveis que não devemos fazer em relação
a outras religiões. Além do mais é inevitável.
3) a liberalização dos
fluxos internacionais - é a OMC quem a regula. Além do mais é inevitável.
4) as regras de protecção
dos países - são definidas pelos tribunais em função dos direitos do homem. Além
do mais é inevitável aceitar que cidadãos europeus sejam mortos. São meros faits
divers, que não devem ser usados politicamente.
5) a política de defesa
depende da NATO - É por isso inevitável passar por ela.
6) a integração da Europa
- é tema complexo demais para os povos, dizem políticos onde se vê a origem
reles e baixa. É inevitável.
Perante isto, pergunta-se
se os europeus podem decidir em algo relevante ou se estão reduzidos a ter as
liberdades dos munícipes durante o império romano: enquadradas, limitadas, e
historicamente irrelevantes.
A implicação é esta:
quando se fala do desinteresse dos cidadãos em relação à política ou do voto de
protesto são os mesmos que dizem que é tudo inevitável, e que portanto o voto é
irrelevante, que se espantam com o desprezo das populações. Que se espantem diz
apenas o pouco que são intelectualmente. Que sejam desprezados revela apenas
que os povos perceberam que vieram do pouco.
Que alguém se diga
democrata e ao mesmo tempo diga que o voto do povo apenas pode ter lugar em
questões menores mostra que acha ser o exercício democrático destinado apenas a
questões menores. E diz portanto quão menores é quem o diz.
Alexandre Brandão da
Veiga
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