sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

A democracia da impotência

 

Não vou perder tempo a valorar cada um destes aspectos. Apenas os vou elencar e dizer da sua implicação. Desde o início dos anos 1990 que na Europa se diz que matérias fundamentais não dependem do voto popular. Mais ainda, que não há nada a fazer na matéria:

1) a imigração - são os tribunais sobretudo o tribunal europeu dos direitos do homem que a definem. Além do mais é uma inevitabilidade nada podemos fazer contra ela

2) a islamização - é algo de bom mas quando se referem aspectos negativos diz-se que temos de viver com ela, que temos de fazer acomodações razoáveis que não devemos fazer em relação a outras religiões. Além do mais é inevitável. 

3) a liberalização dos fluxos internacionais - é a OMC quem a regula. Além do mais é inevitável. 

4) as regras de protecção dos países - são definidas pelos tribunais em função dos direitos do homem. Além do mais é inevitável aceitar que cidadãos europeus sejam mortos. São meros faits divers, que não devem ser usados politicamente.

5) a política de defesa depende da NATO - É por isso inevitável passar por ela.

6) a integração da Europa - é tema complexo demais para os povos, dizem políticos onde se vê a origem reles e baixa. É inevitável. 

 

Perante isto, pergunta-se se os europeus podem decidir em algo relevante ou se estão reduzidos a ter as liberdades dos munícipes durante o império romano: enquadradas, limitadas, e historicamente irrelevantes.

A implicação é esta: quando se fala do desinteresse dos cidadãos em relação à política ou do voto de protesto são os mesmos que dizem que é tudo inevitável, e que portanto o voto é irrelevante, que se espantam com o desprezo das populações. Que se espantem diz apenas o pouco que são intelectualmente. Que sejam desprezados revela apenas que os povos perceberam que vieram do pouco.

 

Que alguém se diga democrata e ao mesmo tempo diga que o voto do povo apenas pode ter lugar em questões menores mostra que acha ser o exercício democrático destinado apenas a questões menores. E diz portanto quão menores é quem o diz.

 

Alexandre Brandão da Veiga

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