Sol na eira e chuva no nabal
A frase que marca a entrevista de
ontem Durão Barroso é «quando se fizer a
história desse período», a propósito das ajudas silenciosas que o
Presidente da Comissão Europeia terá dado a Portugal nos últimos dez anos. E
adiantou que os Primeiros-Ministros José Sócrates e Passos Coelho e o
Presidente da República «estão muito
reconhecidos» com essa prestação.
A necessidade de Durão Barroso se
mostrar generoso com o seu País é um imperativo que outros portugueses não têm.
A decisão de abandonar o País num momento de fragilidade política do Governo
(decidiu no exacto dia em que perdeu estrondosamente as Europeias 13/06/04) por
um projecto pessoal desafiante; e a possibilidade de se manter politicamente vivo no seu País, levam-no a um exercício continuado
de «refazer a história desse período».
Uma vez mais, deixa-se guiar pelo
ego tripp. Não censuro quem tenha uma
visão carreirista da vida. Como escreveu Filomena Mónica, num estudo de 1994,
sobre a situação social em Portugal, «desde
os anos 60 que a ambição deixou de ser um pecado». Mas a roupagem
patriótica dos argumentos de Barroso representa «o manto diáfano da fantasia» sobre a «nudez crua da verdade».
0 comentários:
Enviar um comentário