sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Ineptos e anti-heróis

Para as pessoas que passaram pelo sistema de ensino depois do fim dos anos de 1960 a figura do anti-herói é sobejamente conhecida. Foi-nos inculcado o culto do anti-herói. O herói era um enfado, plano, demasiado liso, preferia-se a complexidade do anti-herói, que reunia o fascínio do herói com uma frescura que este não tinha.



É evidente que este culto não é neutro sob o ponto de vista ideológico nem nos seus efeitos. Criou gerações que se empenhavam a fazer mal para emularem os anti-heróis, ou que se compraziam com o facto de fazer mal as coisas porque tinham exemplos ilustres que os justificavam.



O problema desta mitologia é que esquece muitos aspectos da realidade. Vejamos quais.
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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A aristocracia é necessária?

Por vezes há alguma tendência a condenar os lugares comuns só por o serem. Ora o que condena um lugar não é a sua natureza comum, mas a sua injustiça. Se são com frequência condenáveis é porque a injustiça é com frequência muito comum. Mas existem lugares comuns cuja valia se percebe melhor quando desaparecem, quando o deixam de ser.

Era lugar comum citar a tese de Políbio quando este afirmava que a origem da excelência e do poder do sistema romano se encontrava no facto de conciliar democracia, aristocracia e monarquia. Todos os sistemas equilibrados, se bem repararmos, distribuem de forma equitativa o poder entre todos, alguns e um só. O poder do presidente da república não é igual ao do merceeiro da esquina, o poder da mass[...]
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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O Islão civilizador

Neste modo de pseudo-exotismo que invade a Europa ouve-se falar com frequência no papel civilizador do Islão. Talvez seja bom ter um quadro mais adequado da coisa. E perdoem-me aqueles que se queixam que falo mais de História que de política, mas tenho pena que sejam aqueles que falam de política que mais se aventuram num terreno em que são ignorantes, o da História.


O islão é criação de sarracenos. O sul da Arábia, a Arabia Felix, era na altura zona de civilização sofisticada (o mesmo se poderia dizer dos árabes da grande Síria na época helenística e império romano, como os nabateus e iturianos, por exemplo). Não um grande centro de criação de civilização, mas zona que sofreu as múltiplas influências do Egipto, do I[...]
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