sexta-feira, 20 de maio de 2011

São os alemães culpados? III

Resta-nos o terceiro conjunto de aspectos. Os de política interna. É que a birra e a peixaria da esquerda à direita ajudam a esconder um simples facto: o de a classe política não ter pensamento, capacidade e vontade de impor por si mesma as medidas que deveriam ser tomadas. E estas são simplesmente três, respondendo a três perguntas.

A primeira é: como distribuir pelos portugueses o encargo da dívida? As soluções simples são: os ricos que paguem crise ou os ricos já pagam demais. Aqui está um bom momento para quem usa a palavra “patriótico” da esquerda à direita para demonstrar uma verdadeira solidariedade nacional. Os grupos e pessoas que se querem escusar a uma justa distribuição dos encargos apenas mostram que não se encontram vinculados a P[...]
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quinta-feira, 19 de maio de 2011

São os alemães culpados? II

O segundo conjunto de aspectos tem a ver com a política europeia.

Têm a Alemanha, a Finlândia, a Holanda interesse em que a situação dos países mais pobres se estabilize? Têm. É do seu interesse e do interesse de todos.

Mas mais uma vez parece um mau começo e sinal de grosseria lembrar o que a Alemanha nos deve pelas malandrices que fez na II Guerra Mundial e pela ajuda que recebeu quando da unificação.

Quais são os vícios dessa argumentação?
1) Um país que teve 48 anos de ditadura não tem muita moral para falar de 12 anos de nazismo, por mais brutais que sejam.
2) Um país que dependeu da ajuda alemã (e não americana) para a passagem para a democracia é grosseiro se esquecer o que deve à Alemanha (não fora apenas o empréstimo alemão [...]
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quarta-feira, 18 de maio de 2011

São os alemães culpados? I

A propósito desta discussão sobre a dívida pública tenho apenas três conjuntos de reflexões a oferecer. O primeiro de coerência, o segundo de política europeia e o terceiro de política interna. O pano de fundo é que os malandros dos alemães são culpados, não têm solidariedade, devem muito à Europa. E mais os maldosos finlandeses e quejandos.

Comecemos pelo primeiro. De coerência. Na política é importante por vezes ir aos fundamentos mais simples da coisa. A política é feita por seres humanos. Vejamos que humanos são estes que se queixam.

Portugal entrou no euro porque quis. Ninguém o forçou a tal. Lembremo-nos mais ainda que, quando aos alemães, mas também os holandeses, e já agora os ingleses (não entraram na brincadeira mas gostaram de pontific[...]
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segunda-feira, 9 de maio de 2011

Têm os políticos de ser bonitos?

A pergunta parece descabida, convenhamos. Se falássemos de modelos, actrizes ou de cantores de música popular, talvez mesmo de apresentadores de televisão, o assunto poderia parecer ao menos de actualidade (o que não é sinónimo de razoável, apesar de tudo). Mas que sequer se coloque esta questão em relação aos políticos parece um poço de sem sentidos.

Mas propus-me analisar o campo que subtende à política. Se subtende é porque não aparece expresso. Porque, muitas vezes nem como pergunta foi suscitado. A pergunta de Einstein “o que se passaria comigo se eu viajasse num feixe de luz?” ou a pergunta ainda mais antiga “o que é o ser?” são perguntas reconhecidamente patetas, mas com resultados sobejamente fecundos. Sem ambição de o[...]
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