São os alemães culpados? II
O segundo conjunto de aspectos tem a ver com a política europeia.
Têm a Alemanha, a Finlândia, a Holanda interesse em que a situação dos países mais pobres se estabilize? Têm. É do seu interesse e do interesse de todos.
Mas mais uma vez parece um mau começo e sinal de grosseria lembrar o que a Alemanha nos deve pelas malandrices que fez na II Guerra Mundial e pela ajuda que recebeu quando da unificação.
Quais são os vícios dessa argumentação?
1) Um país que teve 48 anos de ditadura não tem muita moral para falar de 12 anos de nazismo, por mais brutais que sejam.
2) Um país que dependeu da ajuda alemã (e não americana) para a passagem para a democracia é grosseiro se esquecer o que deve à Alemanha (não fora apenas o empréstimo alemão de 1976, mas igualmente a ajuda que a Alemanha deu aos partidos democráticos e o apoio que deu a Portugal na Europa muito poderíamos pensar sobre se a transição para a democracia não teria sido bem mais sangrenta)
3) Quem não gosta de alemães faça o favor de andar de burro, de nem usar telemóvel, porque foi graças à ciência alemã que os aviões e as telecomunicações se devem. Mais à ciência alemã que à portuguesa, é o mínimo que se pode dizer. Que ande de nau e use o grito para comunicar.
4) Os alemães pagaram fortemente a sua reunificação desde 89. Congelamentos de ordenados na função pública, endurecimento do regime de reformas, contenção de salários. E pagando a sua reunificação (não me lembro dos subsídios portugueses à Alemanha para esse ou outro efeito), não deixaram de pagar mal ou bem (e muito) para outros países europeus.
5) Os alemães ganham muito com a Europa unida? Sem dúvida. Graças ao seu trabalho, ao seu estudo, à qualidade do que produzem. Não vejo porque alguém deve algo apenas porque ganha com o seu trabalho. Tanto mais que aceitou regras de solidariedade em que paga, e muito.
6) Coloquemo-nos na pele dos alemães. Que seria se se dissesse ao povo português que teria de pagar mais impostos para financiar os alemães? Os finlandeses são soberanos e fazem com o seu dinheiro o que bem querem e entendem. Que diríamos nós caso os nossos políticos nos dissessem que os nossos impostos tinham de ser aumentados para ajudar os alemães? Demos já exemplos de solidariedade desta natureza que nos permita falar de cátedra? Que se levante o primeiro que concorde com um aumento de impostos para salvar islandeses ou irlandeses. Não me lembro de na altura alguém se ter mostrado solidário. Bem pelo contrário, do que me lembro em Portugal fizeram-se todos desentendidos, esperando que não os chegasse a nossa vez. Apenas pode pedir em dobro quem ofereceu em singelo.
Em suma, não temos direitos, e reclamar direitos inexistentes é berraria de varina. Sob o ponto de vista argumentativo é grosseiro, desrespeita a liberdade dos outros povos de fazerem com o seu dinheiro o que bem entendem, e, não sendo nossos pais, não têm o dever de nos sustentar.
Quem tem coluna paga as suas dívidas e não estrebucha. Pode salientar ao credor o interesse que tem em aliviar a carga, pode invocar junto dos associados o interesse comum. Isso é legítimo. Mas um homem que é gente assume as suas responsabilidades e não faz birra.
Têm a Alemanha, a Finlândia, a Holanda interesse em que a situação dos países mais pobres se estabilize? Têm. É do seu interesse e do interesse de todos.
Mas mais uma vez parece um mau começo e sinal de grosseria lembrar o que a Alemanha nos deve pelas malandrices que fez na II Guerra Mundial e pela ajuda que recebeu quando da unificação.
Quais são os vícios dessa argumentação?
1) Um país que teve 48 anos de ditadura não tem muita moral para falar de 12 anos de nazismo, por mais brutais que sejam.
2) Um país que dependeu da ajuda alemã (e não americana) para a passagem para a democracia é grosseiro se esquecer o que deve à Alemanha (não fora apenas o empréstimo alemão de 1976, mas igualmente a ajuda que a Alemanha deu aos partidos democráticos e o apoio que deu a Portugal na Europa muito poderíamos pensar sobre se a transição para a democracia não teria sido bem mais sangrenta)
3) Quem não gosta de alemães faça o favor de andar de burro, de nem usar telemóvel, porque foi graças à ciência alemã que os aviões e as telecomunicações se devem. Mais à ciência alemã que à portuguesa, é o mínimo que se pode dizer. Que ande de nau e use o grito para comunicar.
4) Os alemães pagaram fortemente a sua reunificação desde 89. Congelamentos de ordenados na função pública, endurecimento do regime de reformas, contenção de salários. E pagando a sua reunificação (não me lembro dos subsídios portugueses à Alemanha para esse ou outro efeito), não deixaram de pagar mal ou bem (e muito) para outros países europeus.
5) Os alemães ganham muito com a Europa unida? Sem dúvida. Graças ao seu trabalho, ao seu estudo, à qualidade do que produzem. Não vejo porque alguém deve algo apenas porque ganha com o seu trabalho. Tanto mais que aceitou regras de solidariedade em que paga, e muito.
6) Coloquemo-nos na pele dos alemães. Que seria se se dissesse ao povo português que teria de pagar mais impostos para financiar os alemães? Os finlandeses são soberanos e fazem com o seu dinheiro o que bem querem e entendem. Que diríamos nós caso os nossos políticos nos dissessem que os nossos impostos tinham de ser aumentados para ajudar os alemães? Demos já exemplos de solidariedade desta natureza que nos permita falar de cátedra? Que se levante o primeiro que concorde com um aumento de impostos para salvar islandeses ou irlandeses. Não me lembro de na altura alguém se ter mostrado solidário. Bem pelo contrário, do que me lembro em Portugal fizeram-se todos desentendidos, esperando que não os chegasse a nossa vez. Apenas pode pedir em dobro quem ofereceu em singelo.
Em suma, não temos direitos, e reclamar direitos inexistentes é berraria de varina. Sob o ponto de vista argumentativo é grosseiro, desrespeita a liberdade dos outros povos de fazerem com o seu dinheiro o que bem entendem, e, não sendo nossos pais, não têm o dever de nos sustentar.
Quem tem coluna paga as suas dívidas e não estrebucha. Pode salientar ao credor o interesse que tem em aliviar a carga, pode invocar junto dos associados o interesse comum. Isso é legítimo. Mas um homem que é gente assume as suas responsabilidades e não faz birra.
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