Trovas Antigas I
Começo com este pequeno texto extraído do Enquiridion, ou Manual de Epicteto, escrito por um seu aluno, Lúcio Flávio Arrio, no princípio do século I da nossa era, uma pequena série de pequenas transcrições de textos antigos cuja aplicação à realidade de hoje não deixa de nos impressionar.
«Sentaram alguém num lugar melhor que o teu num jantar ou numa cerimónia? Saudaram-no a ele primeiro e ouviram o seu conselho, e não o teu? Se essas coisas são boas, deverias alegrar-te por aquele a quem aconteceram; se são más não deverias afligir-te, porque não te aconteceram a ti. Lembra-te que, se para adquirir coisas exteriores, que estão fora do teu controle, não utilizas os mesmos meios que os outros, também não podes esperar que te considerem merecedor de uma recompensa igual à que eles tiveram. Como poderia alguém que não vai a casa dos grandes deste mundo, que não participa nas suas celebrações e não os lisonjeia, obter o mesmo que aqueles que fazem todas estas coisas?
Serás injusto e avarento, portanto, se não estás disposto a pagar o preço pelo qual estes favores são vendidos e queres recebê-los de graça. Qual é o preço de uma alface? Digamos que custa uma moeda. Ora, se alguém paga este preço e leva a sua alface, enquanto tu não o pagas e ficas sem ela, de modo nenhum foste enganado. Porque, tal como ele tem a alface, tu tens ainda a tua moeda, a qual não gastaste. Do mesmo modo, se não foste convidado para o banquete de uma pessoa, é porque não pagaste o preço que corresponde ao seu jantar. E ele vende-se por adulações e por reverências. Paga, pois, o preço, se isso te convém. Agora, se pretendes não pagar o preço e ainda assim receber os seus benefícios, nesse caso és um avarento e um imbecil. Julgas que, ao perderes esse banquete, não obténs nada em troca? Muito pelo contrário. Obténs o não ter elogiado a quem não queres elogiar e não teres tido que suportar os insultos que esse desgraçado dispensa àqueles que o visitam.»
EPICTETO, Enquiridion, 25
«Sentaram alguém num lugar melhor que o teu num jantar ou numa cerimónia? Saudaram-no a ele primeiro e ouviram o seu conselho, e não o teu? Se essas coisas são boas, deverias alegrar-te por aquele a quem aconteceram; se são más não deverias afligir-te, porque não te aconteceram a ti. Lembra-te que, se para adquirir coisas exteriores, que estão fora do teu controle, não utilizas os mesmos meios que os outros, também não podes esperar que te considerem merecedor de uma recompensa igual à que eles tiveram. Como poderia alguém que não vai a casa dos grandes deste mundo, que não participa nas suas celebrações e não os lisonjeia, obter o mesmo que aqueles que fazem todas estas coisas?
Serás injusto e avarento, portanto, se não estás disposto a pagar o preço pelo qual estes favores são vendidos e queres recebê-los de graça. Qual é o preço de uma alface? Digamos que custa uma moeda. Ora, se alguém paga este preço e leva a sua alface, enquanto tu não o pagas e ficas sem ela, de modo nenhum foste enganado. Porque, tal como ele tem a alface, tu tens ainda a tua moeda, a qual não gastaste. Do mesmo modo, se não foste convidado para o banquete de uma pessoa, é porque não pagaste o preço que corresponde ao seu jantar. E ele vende-se por adulações e por reverências. Paga, pois, o preço, se isso te convém. Agora, se pretendes não pagar o preço e ainda assim receber os seus benefícios, nesse caso és um avarento e um imbecil. Julgas que, ao perderes esse banquete, não obténs nada em troca? Muito pelo contrário. Obténs o não ter elogiado a quem não queres elogiar e não teres tido que suportar os insultos que esse desgraçado dispensa àqueles que o visitam.»
EPICTETO, Enquiridion, 25
1 comentários:
Muito bem.
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