terça-feira, 19 de maio de 2009

Ora bem,

vejamos, nas legislativas não vou votar. Volta e meia assim faço. Não votarei por duas razões. Gostava de ter um governo de maioria relativa, para irmos aprendendo a viver com esse estilo tão europeu, e não gosto de nenhum dos candidatos em quem poderia deitar o meu voto, como se diz.
Nas europeias, acho que vou votar (se estiver por cá, claro). Para contrariar, se calhar. Mas também porque a Europa é o melhor que nos aconteceu e acontecerá. Ora, seguramente não votarei no homem de Coimbra que representa o que de mais antigo este país tem. Nele não voto de certeza.
E hoje li uma entrevista de que gostei. Gostei muito mesmo. Um homem de direita e católico (coisas que não sou muito) e com ideias bem fabricadas (coisa de que gosto e muito). Achei mesmo interessante. E gosta de Europa sem complexos. Tem uma posição inteligente sobre o federalismo (não é um bicho-de-sete-cabeças), sobre os referendos (não são sacrossantos) e sobre o défice democrático (existe sempre que se tem poder executivo - acho que é mais ou menos isto).
Mas depois pensei (erro): mas será que vou deitar o voto nele e ele vai mesmo para lá? E se for mesmo? Depois muda a direcção do partido e ele fica silencioso? Bem, não se pode ter tudo e vou mesmo votar no Paulo Rangel (se não mudar de ideias e estiver por cá, claro). Por causa de uma entrevista? E porque não?
Não é ainda comum neste país dizer-se em quem se pensa votar, mas aqui fica dito.

3 comentários:

joão wemans disse...

Também me acontece não votar, de forma consciente e ponderada - não votei neste nosso Presidente, por exemplo.
Já sei que não vou votar na Laurinda Alves porque ontem a vi dizer que é a favor da integração da Turquia na CE.
Já sei que não vou votar no Rangel, por causa da entrevista no "i". É católico mas põe em causa o que a Igreja (e Cristo através dela) propõe - estou farto de traidores.
Gosto de saber quem vota em quem; parece-me bem que se possa estar à vontade com essa postura, e embora entenda a sua necessidade, incomoda-me a instituição do voto secreto.

Luis Melo disse...

RTP - Rádio e Televisão do PS

Ontem à noite assisti a um programa interessante na RTP. O "Conversas com Mário Soares" trazia como convidados, Santiago Carrillo (ex-Secretário Geral do Partido Comunista Espanhol) e Raul Morodo (membro do PSOE e ex-embaixador de Espanha em Portugal).

Os três falaram na luta dos seus partidos (todos de esquerda) contra os regimes de Franco e Salazar. Falaram muito da intervenção do PS e PC espanhol e português na construção da história europeia. Histórias curiosas que envolveram estas 3 personalidades e outras da mesma área política.

Tudo normal, não fosse o cheiro a campanha eleitoral Socratiana, que este programa emanou e de como pareceu ser "ensaiado". Santiago falou mal de Cunhal e distanciou-se do PCP. Os três falaram bem de Zapatero e Santiago disse até que a esquerda deve apoiar o PS de Zapatero. Insinuando que alguns comunistas devam apoiar Sócrates (numa tentativa de ir buscar votos do PCP para ao PS, nas eleições que se aproximam).

Quiseram passar a ideia de que o PSD, o CDS, o PP Espanhol e outros, não tiveram um papel igualmente fundamental na democratização das sociedades portuguesa e espanhola. Como se não tivessem havido outras figuras (para além de Soares, Gonzalez, Carrillo) que lutaram contra o regime salazarista. Houve, e alguns desses fizeram-no "às claras", pela frente, nos locais devidos, junto ao povo. Sem estarem escondidos ou "exilados" no luxo de Paris.

É uma vergonha, que a RTP coloque um programa destes no ar. Onde está o "famoso" contraditório?

Tiago Silva disse...

ora vejamos...

Eu também gosto muito de avestruzes...

E mexer alguma coisa para melhorar a sociedade...nem que seja votando...pois, epah, isso cansa...

E como dizem os Deolinda:

"Agora não, que é hora do almoço...
Agora não, que é hora do jantar...
Agora não, que eu acho que não posso...
Amanhã vou trabalhar...
(...)
Agora não, que me dói a barriga...
Agora não, dizem que vai chover...
Agora não, que joga o Benfica...
E eu tenho mais que fazer...
(...)
Agora não, que falta um impresso...
Agora não, que o meu pai não quer...
Agora não, que há engarrafamentos...
Vão sem mim, que eu vou lá ter..."
(excertos de «Movimento Perpétuo Associativo» de Deolinda)