quinta-feira, 28 de maio de 2009

Onde está!? Que agora é só pau, ou pedra...


No último Domingo celebrou-se na Igreja a festa da ascensão de Jesus ao céu. Depois de morto e ressuscitado, Jesus continuou a aparecer junto dos apóstolos, ensinando-lhes o caminho e manifestando-se-lhes através dos seus sentidos. Com efeito, eles viam-no, ouviam-no, tocavam-no e cheiravam e comiam (peixe) com ele, tal como todos nós fazemos diariamente uns com os outros. Ao fim de 40 dias, porém, elevou-se aos céus, deixando de estar visivelmente presente entre nós.
Ora, a primeira leitura desse dia diz algo que me tem deixado pensativo e que aqui resolvi partilhar. Respondendo à habitual pergunta dos seus seguidores, que mais uma vez queriam saber se aquele era o momento em que ele iria restaurar a realeza de Israel, Jesus «respondeu-lhes: ”Não vos compete saber os tempos nem os momentos que o Pai fixou com a Sua autoridade. Mas ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo.” Dito isto, elevou-se à vista deles e uma nuvem subtraiu-o a seus olhos. E como estavam com os olhos fixados no céu enquanto ele se afastava, surgiram de repente dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: “Homens da Galileia, porque estais assim a olhar para o céu? Esse Jesus, que vos foi arrebatado para o céu, virá da mesma maneira, como agora o vistes partir para o céu.”» (Act. 1, 1-11)
A verdade é que, também eu, esperando quase sempre que Deus venha forçar os outros ao reconhecimento da minha realeza e autoridade, tenho muita dificuldade em relacionar-me com este Jesus que deixou de mostrar-se, como tudo o resto, aos nossos sentidos. E é por isso que tenho ficado a pensar nesta última afirmação destes dois homens, surgidos de repente entre aqueles que o procuravam, como sendo uma profunda lição de fé: «Da mesma maneira que o vistes subir para o céu, assim o verás descer até junto de vós.»
Mas fico a pensar: como vi eu Jesus subir aos céus? Sei bem que me hão de dizer que Jesus se “vê” agora nos seus gestos, na sua palavra e na sua Igreja e que esses foram os “contactos” que durante esses 40 dias resolveu deixar entre nós. Está muito bem. Mas isso é a teoria. Na prática, de facto, nos seus gestos, na sua palavra e na sua Igreja, como vejo eu Jesus elevar-se ao céu?
A verdade é que olho pouco, vejo pouco e creio pouco. Fico sempre olhando mais para essa glória que espero venha a ser aqui restaurada, para essa vitória que Deus me há-de dar sobre todos os outros, e até sobre mim, que fielmente O servirei se assim Ele bem me servir! E, no entanto, estes dois homens, vestidos de branco, puros, castos, despidos da sua vã glória, continuam repetindo para que eu os oiça: «Assim como o viste subir ao céu, assim o verás descer junto de ti.»
Na verdade, que vemos nós, olhando a cruz, onde Jesus já não se encontra? Vemos a cruz, que carregando, no-lo mostrará!? Será? Talvez. Assim eu veja, em mim, esse caminho que Jesus fez em toda a sua vida e que culminou na sua própria elevação ao céu, para que na minha vida ele se me descubra, de repente, em tudo, em todos, agora, tornando-me mais forte por vê-lo e por sabê-lo dentro de mim.

3 comentários:

joão wemans disse...

Bela meditação, Gonçalo.
Fico igualmente a pensar na vida e na nossa distracção congénita para as coisas do alto.
Mas, esperançoso, lembro mais ou menos esta frase paradoxal: "não Me buscarias se não Me tivesses já encontrado"...
João W.

Anónimo disse...

Bela meditação, de facto.
Não está na Cruz, mas mesmo quando a Cruz não tem Redentor, por vezes brada.

Cruz Quebrada ( alguma mão mais laica ou maçónica tentou raivosamente disfarçar o sucedido substantivando e distorcendo o nome e a designação)não é a Cruz partida (ou invertida, como usam os satânicos)mas Cruz-que-brada, em referência ao espantoso e milagroso que acontecia com um Cruzeiro situado naquela zona.

Com os melhores cumpts.,
CCI

Anónimo disse...

Refiro-me, acima, claro, à localidade próxima de Algés.

Ms. Cpts.,
CCI