quinta-feira, 28 de maio de 2009

Este desporto não é para o Ronaldo?


Ronaldo perdeu por causa do Manchester ou o Manchester perdeu por causa de Ronaldo? Hoje ouvia-se, sobretudo, que foi a equipa do Manchester que não esteve à altura de Ronaldo. Ao contrário do Barcelona que teve uma equipa, o Manchester pareceu depender totalmente de Ronaldo. Mas fica no ar a dúvida se isso se deveu à ausência de alternativas ou ao domínio que Ronaldo exerce nas equipas que joga. Ronaldo foi de longe o melhor jogador do Manchester. Mas até que ponto a sua presença numa equipa não transforma o futebol: o jogo deixa de ser colectivo para passar a ser o jogo do Ronaldo. Há uma diferença entre o Manchester não ser muito mais que o Ronaldo e o Manchester sumir-se perante Ronaldo.
Esta impressão é provavelmente injusta para o Manchester e o Ronaldo: muitas vezes o Manchester juntou o colectivo à diferença do Ronaldo mas quando ontem o colectivo sentiu dificuldades desistiu de o ser e investiu tudo no Ronaldo. Só que esta impressão (ainda mais presente na selecção) começa a fazer de Ronaldo um jogador quase antipático: individualista, sem saber perder, o que foi muito acentuado pela transmissão televisiva e alguns comentários que ouvi no estrangeiro. Foi então que me ocorreu que o Ronaldo pode estar no desporto e continente errados. Ele é o típico ídolo desportivo americano: rejeita perder, é igualmente competitivo com colegas e adversários, quer ser ele a decidir os jogos. Nos EUA é isto que faz um grande atleta: os americanos consideram o carácter competitivo e a recusa em perder como um dos maiores atributos pessoais (realçaram isso em Obama quando ele jogou basketball durante a campanha) e gostam do individualismo no jogo (consideram que se trata de assumir a responsabilidade do jogo). Na Europa, tudo isto é normalmente entendido como vaidade e egoísmo...
A verdade é que o Ronaldo promove a concentração do capital desportivo enquanto na Europa se prefere o capitalismo popular…

6 comentários:

Agostinho da Silva (Phd) disse...

é a cena do costume: o Superhomem puxa a carroça ou a Carroça puxa o SuPer Homem.
Está sistematizado há 150 anos, qual é a surpresa?

Israel Jorge disse...

Olá, Miguel,

Concordo com as suas conclusões. Mas, com a devida licença, não posso deixar de notar a forma com a qual Cristiano é citado, por aí.

Chamá-lo insistentemente de "Ronaldo" chega a aparentar um certo complexo... Desculpe-me, mas Ronaldo só existe um. Veio ainda o Gaúcho, depois, mas acabou se tornando o "Ronaldinho". A propósito, como todos sabem, os dois somam cinco títulos de melhor jogador do mundo.

Até entendo a tentativa de marketing do Manchester, ao tentar consagrar o Cristiano como "Ronaldo". Mas comentários outros caem bem melhor citando-o pelo nome. Cristiano, apenas. Ou talvez, e no máximo, Cristiano Ronaldo. Ele merece, pelo que tem demonstrado, uma marca própria na história do futebol mundial.

Abraço,

IJ

Sofia Rocha disse...

Miguel, só tenho uma palavra:
Guardiola, Guardiola, Guardiola, Guardiola, Guardiola, Guardiola, Guardiola, Guardiola, Guardiola, Guardiola, Guardiola, Guardiola, Guardiola.

Miguel Poiares Maduro disse...

Cara Israel Jorge,

Por alguma razão os Portugueses não gostam de Cristiano... ou então considere isto uma homenagem ao vosso Ronaldo,

Cara Sofia,

esse é um comentário desportivo?...

Miguel

Sofia Rocha disse...

É, Miguel.
Se bem que,quer dizer, bem vistas as coisas, pues.

Israel Jorge disse...

Ok... E, por falar nele, está aí a maior contratação da história. Parabéns ao futebol português.

Obs: Miguel, notei em sua resposta um erro de gênero, quanto a minha pessoa... Ocorreu o mesmo com Pedro Norton, quando comentei há algum tempo um texto dele. Talvez o nome não seja muito comum por aí, não sei. O fato é que sou "o" Israel. Esclarecimentos, apenas.