segunda-feira, 20 de abril de 2009

I. La meglio gioventù, Marco Tullio Giordana, Itália, 2003


Todo o intelectual que se preze, quando se quer mostrar aberto, qualidade que isoladamente sempre me pareceu suspeita, diz que gosta de futebol e de filmes americanos. Quanto ao primeiro gosto pergunto-me se poderia ultrapassar tais hábitos familiares, quanto ao segundo gosto outro tanto haveria a dizer.

Há muito cinema americano, muito do qual mais não é que cinema europeu forçado à legibilidade por força do mercado, o que nem sempre lhe fez mal, e acabou por ser uma purga salutar para a obsessão investigativa de muita da arte europeia. Há muita coisa que é apenas divertida, como um sorvete, sem mais, mas também não menos. Muita coisa há que é apenas um produto industrial, incaracterístico, desfigurado.

A questão passa agora por outro lado. É que tendo uma força nos mercados, sobretudo desde os anos 80 até hoje dia, que se pode caracterizar de monopolista, a verdade é que o cinema americano que actualmente se produz é efectivamente um produto normalizado, expectável, com uma retórica apertada e mais que previsível. Em bens não essenciais a culpa está sempre mais em quem compra do que em quem vende e por isso o público acaba por ter o que merece, pelo menos na sua maioria.

Mas de vez em quando surgem, mais que resistências, pontos de luz que nos permitem respirar melhor. O curioso é que esses pontos de luz, respirando humanidade, vêm em geral do cinema europeu, tão desacreditado por um excesso de intelectualismo que hoje em dia cada vez menos pratica, mas de que ainda se está a purgar.

1 comentários:

pOLLo acquatico disse...

Cariño, non era americano, "pero italiano..."
sugare cazos, vai...