sexta-feira, 6 de março de 2009

Uma "Quadratura do Círculo" empírica

As considerações que deixo aqui hoje sobre a relação entre os media e a política, resultam da minha participação/observação em três eventos recentes do PSD. Digo participação, na medida em que faço parte, mas digo também observação porque procuro manter uma atitude atenta, crítica e construtiva face ao que observo.

Aliás, a minha primeira experiência do género começou pela observação de várias sesssões no Parlamento e o escrutínio posterior dos relatos respectivos nos jornais e televisões.

Interessa-me observar os fenómenos a acontecer, a sua mediação e a posterior divulgação.

O primeiro.

No dia 24 de Janeiro fui ao jantar-comício do PSD em Vila Nova de Famalicão. Neste dia, à mesma hora do jantar, jogava-se um Braga-Porto. Eu não sabia o que esperar, mas ainda assim, não estava à espera de ver uma multidão. Todavia, foi mesmo isso que sucedeu.

Compareceram mais de 2.000 (duas mil) pessoas. Jantei numa mesa apinhada, numa sala apinhada, que não tinha capacidade para tanta gente, num restaurante que teve de improvisar uma segunda sala para quem chegou depois.

Estavam presentes os meios de comunicação social.

No próprio dia, nos noticiários da meia-noite, e no dia seguinte não vi nenhuma referência ao número de pessoas presente. Conheciam-se as questões internas do PSD. Juntar num jantar mais de duas mil pessoas parece-me um feito assinalável. Contudo, ninguém o assinalou.

Que nem os media que lá estiveram reportaram o facto, foi óbvio. Resta-me a dúvida sobre se o PSD lhes tenha chamado a atenção sobre o mesmo - penso que talvez não o tenha feito.

Podemos pensar que os números não são importantes, mas são. Poucos dias depois, vi referido por várias vezes nos noticiários, que o candidato a Secretário Geral do PS,Eng. José Sócrates, em jantar-comício tinha juntado, 500 (quinhentas) pessoas.

Poderemos sempre dizer a culpa da ausência da notícia do sucesso do jantar de Vila Nova de Famalicão é exclusivamente dos media tradicionais, por inépcia ou má-fé. Também poderemos dizer que naquele caso a culpa foi exclusivamente do PSD que não adoptou a melhor forma de se relacionar com os media naquele dia.

Seja como for, parece-me que tem de existir maior profissionalismo das duas partes. Do lado dos jornalistas, um esforço de independência, isenção e rigor. Se estão à espera de um fiasco e aparecem 2.000 pessoas não podem omitir o facto, nem fazer de conta que as pessoas não estão lá.

Da parte do PSD, uma preparação profissional que permita quer um bom relacionamento com os media tradicionais, no sentido de que facitem o trabalho dos profissionais dos media, como uma aposta decisiva nos novos meios: transmissão on line, redes sociais, presença de bloggers, etc - tudo o que permita ao público acompanhar de perto, ver, ouvir, o que se está a passar.


(a continuar)

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