O herói
Uma das minhas regulares e mais reaccionárias leituras é a revista inglesa "The Spectator". É intelectualmente superior e escrita num inglês tão irrepreensível que não sentimos o mínimo embaraço quando, e acontece, não compreendemos uma frase ou uma expressão nos obriga a consultar três dicionários e nem assim desfazemos a dúvida. É o preço a pagar pelo convívio com um jornalismo ensaístico de excepção.
Por vezes, os artigos são mesmo comoventes. Lembro-me que, em Janeiro, Richard Orange escreveu sobre a difícil recuperação económica do grupo Tata, os donos do hotel de Mumbai que foi alvo do ataque protagonizado por terroristas paquistaneses. Os Tata são um prestigiada família indiana que construiu um autêntico império económico, de que o hotel Taj Mahal Palace é emblema histórico. Luxo, conforto e cosmopolitismo eram os traços que os hóspedes reconheciam. Depois do ataque de 26 de Novembro de 2008, o mundo descobriu um outro valor mais profundo do grupo empresarial Tata, o heroísmo.
Quando os terroristas invadiram o hotel, com granadas e metralhadoras AK, no meio do caos os empregados do hotel não fugiram, mantendo-se nos seus lugares e funções, e foram decisivos para salvar os clientes que estavam obrigados a servir. O sentido do dever, a lealdade, a coragem e disponibilidade para o sacrifício dos funcionários do Taj deixam-nos, se pensarmos um bocadinho, sem fala. Ao todo, 12 empregados morreram a tentar salvar os hóspedes.
A história que me faz ter mais vontade de ser indiano é a do manager do hotel, Karambir Kang. Foi ele que dirigiu toda a evacuação dos hóspedes, apesar de saber que a mulher e os dois filhos podiam ser vítimas do fogo com que os terroristas queimaram o 6º andar, onde a família vivia, numa suite. Karambir Kang é filho de um general indiano reformado. O pai, quando ele, angustiado, telefonou a pedir conselho, disse-lhe, e cito a "Spectator": “Faz tudo o que puderes para salvar a tua família, mas nunca abandones o teu posto.”
Kang perdeu a família, mas salvou inúmeras vidas. Os que foram salvos não pouparam palavras de apreço e admiração a este herói. Será que nós, que não vivemos a situação, somos mesmo, para além da retórica, capazes de o admirar?
Por vezes, os artigos são mesmo comoventes. Lembro-me que, em Janeiro, Richard Orange escreveu sobre a difícil recuperação económica do grupo Tata, os donos do hotel de Mumbai que foi alvo do ataque protagonizado por terroristas paquistaneses. Os Tata são um prestigiada família indiana que construiu um autêntico império económico, de que o hotel Taj Mahal Palace é emblema histórico. Luxo, conforto e cosmopolitismo eram os traços que os hóspedes reconheciam. Depois do ataque de 26 de Novembro de 2008, o mundo descobriu um outro valor mais profundo do grupo empresarial Tata, o heroísmo.
Quando os terroristas invadiram o hotel, com granadas e metralhadoras AK, no meio do caos os empregados do hotel não fugiram, mantendo-se nos seus lugares e funções, e foram decisivos para salvar os clientes que estavam obrigados a servir. O sentido do dever, a lealdade, a coragem e disponibilidade para o sacrifício dos funcionários do Taj deixam-nos, se pensarmos um bocadinho, sem fala. Ao todo, 12 empregados morreram a tentar salvar os hóspedes.
A história que me faz ter mais vontade de ser indiano é a do manager do hotel, Karambir Kang. Foi ele que dirigiu toda a evacuação dos hóspedes, apesar de saber que a mulher e os dois filhos podiam ser vítimas do fogo com que os terroristas queimaram o 6º andar, onde a família vivia, numa suite. Karambir Kang é filho de um general indiano reformado. O pai, quando ele, angustiado, telefonou a pedir conselho, disse-lhe, e cito a "Spectator": “Faz tudo o que puderes para salvar a tua família, mas nunca abandones o teu posto.”
Kang perdeu a família, mas salvou inúmeras vidas. Os que foram salvos não pouparam palavras de apreço e admiração a este herói. Será que nós, que não vivemos a situação, somos mesmo, para além da retórica, capazes de o admirar?
5 comentários:
Claro que sim!
Muito obrigado por nos ter dado a possibilidade -
ainda não tinha sabido nada, vou procurar saber mais.
João wemans
Para a minha saúde mental a Spectator é fundamental. Não tem que se concordar com tudo o que se lê mas a verdade é que tudo o que se lê é escrito de forma inteligente, com graça e claramente orientado - o que representa uma lufada de ar freco. É dificil ser-se menos politicamente correcto o que é excelente. A não perder todas as semanas num quiosque perto de si.
João, basta introduzir no Google o nome, Karambir Kang, que lhe surgem logo as referências. No You Tube há mesmo uma entrevista com o próprio.
JP, o sentido de humor é o que mais me atrai na Spectator. Detesto "escritas sacras" convencidas da sua própria importância e muito engravatadas (eu que até gosto e muito de gravatas). Da mesma fora que detesto as escritas que são só irrisão e sarcasmo. O que é bonito, acho eu, é que haja na escrita um bocadinho de amor e, depois, o toque lascivo de um alegre "affaire".
Seu reaça...
Sofia,
o que é que é mais reaça, um bocadinho de amor ou o alegre "affaire"?
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