Sócrates e Salazar (II)
Há uns dias, num comentário a um post da Sofia Rocha neste mesmo blog, falei do clima de autoritarismo e de medo que hoje nos é imposto a partir da esfera do poder. Fi-lo a partir das inacreditáveis e inaceitáveis palavras do ministro Augusto Santos Silva numa reunião do Partido Socialista (na qual este disse que aquilo de que gostava mesmo era de malhar nas pessoas da direita, sendo que o fazia com um especial prazer sempre que essas pessoas, sendo de direita, fingiam ser de esquerda) e das críticas que lhe foram – ou tentaram ser – feitas por um grupo de militantes desse Partido, encabeçado pelo histórico Edmundo Pedro, que pretendia discutir a vida interna do PS e o clima de medo que hoje se vive na Administração Pública.
Acabei classificando estas atitudes dos principais membros do nosso actual Governo como próprias de um regime como foi o de Salazar, sendo que este último tinha ao menos o bom senso de não se vangloriar delas em público. Esta comparação, porém, mereceu os reparos prontos e entusiastas de um nosso visitante, que apenas por via da minha ignorância e/ou má-fé a conseguia perceber.
Dado o excessivo vigor da argumentação, resolvi nada mais dizer. Permito-me agora, no entanto, sugerir muito veementemente a leitura do artigo ontem publicado no Jornal de Notícias, por Mário Crespo, no qual se compara o actual regime que nos é imposto por estes senhores do PS (pois que não confundo as duas coisas), não com o regime de Salazar, é certo, mas com os regimes de Chavez, de Mugabe, de Castro, de Eduardo dos Santos e de Kabila. E o ponto, meus senhores, é este: podem sempre continuar a dizer que somos ignorantes, mal intencionados, ou loucos, mas uma coisa é certa: vamos sendo cada vez mais!
5 comentários:
Gonçalo,
Em relação ao artigo, chocou-me a existência de um facto. Dois telefonemas do Ministro da Presidência para o jornalista, os quais,não tendo sido negada a sua existência, tomarei por verdadeiros.
Se um Ministro é convidado para dar uma entrevista, ou aceita ou declina o convite.
Se vai, aceita as regras.
Não concebo que um Ministro da Nação se coloque numa posição de inferioridade e subalternidade, fazendo um telefonema para saber como é que vai ser...
E que depois de assim se colocar numa situação ridícula, faça novo telefonema para exigir um tratamento de respeito.
Um Ministro não faz telefonemas a pedir respeito. Comporta-se de tal forma que o respeito seja um tributo natural à sua actuação.
Se alguém quer respeito, dê-se ao respeito.
Talvez esteja a chegar a hora de deixar de fazer de conta e perceber que quem nos governa não só não se dá ao respeito como não o merece. É pena que o futuro de Portugal, e dos portugueses, tenha que estar sujeito a tanta ambição desmedida e a tanta falta de princípios.
Será que é possível ainda ser pior?
A diferença é que todos os néscios têm com estes tipos do PS total liberdade para escrever e dizer o que lhes apetece... Ironia das ironias: o Crespo até publicou a artigalhada num jornal acusado de favorecer o governo socialista. Fico à espera da vingança. O Crespo tem a memória curta. Mas eu lembro-me das mesuras com que recebia os ministros quando trabalhava na RTP no tempo da anterior maioria absoluta. E lembro-me do que disse e escreveu quando lhe acabaram com o tacho milionário na embaixada em Washington - a exemplo, de resto, de Maria Elisa, essa águia do jornalisma televisivo que se transferiu para adida cultural em Londres. Os telefonemas de hoje são maus, os de antigamente eram bons. Só um ministro parvo é que aceita ir à TV sem conhecer as regras do jogo - um ministro ou seja quem for que esteja interessado na defesa da imagem pública. Já agora: que conselho daria o Crespo se, por abusrdo, um ministro amigo, daqueles que se dão ao respeito, lhe pedisse a opinião sobre num convite para ir a uma TV?
Para esses mentirosos dizerem que são bons, tem de saber portar-se bem
Pois é. Fui agora informado que o senhor doutor António Ramalho Eanes, antigo presidente da nossa República, participou na passada terça-feira, dia 10 de Fevereiro, numa conferência no Instituto de Defesa Nacional, na qual se referiu ao clima de medo que hoje existe em Portugal, no qual destacou, por ser novo, o medo de criticar para não ser prejudicado.
Na opinião do general Eanes, os partidos políticos deveriam aproveitar os períodos eleitorais que se avizinham para dizer a verdade aos portugueses, pois que só com uma sociedade unida poderemos sair da situação muito difícil em que nos encontramos e na qual não é possível mantermo-nos muito mais tempo. Só a verdade – disse o general – pode acabar com o clima de medo que reina hoje na nossa sociedade, o qual, muito para além do medo económico, do medo pelo futuro dos filhos e pela sorte dos pais, é hoje, muito preocupantemente, o medo dos poderes políticos.
Como disse no meu post: parece que somos cada vez mais!
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