A senhora que não tem nada para vestir
Na entrevista de ontem à Sic, Carlos Queirós disse que o que herdou tinha resultados, mas não tinha equipa. Imagino que a frase vá ser tema de opinião, comentário, artigo, jornais, blogs. Vai ser dissecada, ridicularizada, então não havia equipa?!
Imaginemos uma senhora amiga da ex-mulher do Deco. Imaginemos. Ía de avião até Barcelona, passar uns dias de férias na mansão. Chegada lá, a sua mala não aparece, tinha sido extraviada.
Estava quase na hora do jantar e da festa e a senhora sem mala. A rapariga solicita, abre os numerosos roupeiros do quarto de vestir. Reluzem lantejoulas, brilhos, padrões de zebra,leopardo e tigre Dolce & Gabbana, peles de cobra e de crocodilo, tops, penas, mini-saias,vestidos de noite com rachas vertiginosas Roberto Cavalli.
Filas de sapatos alinhados de cores berrantes com plataformas e 12 cm de salto.
A Senhora perante aquele cenário estaca. Tudo aquilo será apropriado para brasileiras, bonitas como Deus as faz, com menos 20 cm e menos 20 kg, para sambar ou para a praia.
A Senhora sente falta das suas roupas pretas e cinzentas, sem decotes, nem rachas. Não tem corpo, e se tivesse faltava-lhe a vontade, de vestir aquelas roupas ou de calçar aqueles sapatos.
Sente falta do seu sobretudo escuro, da camisa de seda branca de laço, da saia preta, da sensação de decência e conforto.
Especada perante os roupeiros abertos, a Senhora, nua, conclui que não tem nada para vestir.
Qualquer mulher consegue entender isto.
Jaciara, não é nada de pessoal.
8 comentários:
Fico com uma dúvida: o Cristiano Ronaldo é, nesta analogia, o vestido de zebra ou o sapato de plataforma?
E quem é o vestido sem decote? E já agora, quem é o raio da Jaciara?
Isto não é uma analogia, é um problema existencial: o que vestir?
Vou fazer de conta que não está a fazer uma graçola sobre a propensão do nosso Cristiano para bronzeados, dourados e lantejoulas.
A Jaciara é a ex-mulher do Deco e, creio, dona de um roupeiro que se assemelhará, em riqueza e profusão, à caverna do Ali Bábá.
Pelo que sei também pode vir a ser a futura mulher do Deco... (vê-se que não estão actualizados na leitura dos jornais desportivos!)
E parece-me óbvio que analogia existe mas é a de que a equipa portuguesa tem perante a baliza a mesma indefínição paralisante que uma mulher perante o roupeito da Jaciara!
Esperemos que o Liedson nos ajude rápido com o seu pronto-a-vestir...
Numa lógica de indumentária minimalista, o Liedson podia fazer de brinco.
Mas um brinco de pechisbeque, ou um brinco "à Ronaldo"?
Pessoalmente o que me parece é que, com raras excepções, os jogadores da nossa selecção se preocupam mais com o que vestem do que com o que jogam. Nunca ficariam na situação da senhora da história. Ficariam nus o tempo suficiente para se admirarem mas estariam em pulgas para provar as roupas da Jaciara. Estão muito centrados na imagem (brincos, tatuagens, penteados, etc). É mais importante a fotografia na Caras do que a avaliação na Bola. Não se comparam com o Zé da Europa.
JP, agora pergunto eu: quem é o Zé da Europa?
O Zé da Europa é o Travassos (um dos 5 Violinos) que ganhou esse epíteto por ter sido o primeiro português (julgo que o primeiro) a ser convocado para uma selecção da Europa.
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