Da Visão: É a política, Estúpido!
A crise financeira foi o que se viu. Sobre a seriedade e a profundidade da crise económica já ninguém tem dúvidas. Como de resto ninguém duvida que seremos forçados a mudar, estruturalmente, de hábitos e de estilo de vida. Quando muito o Mundo já só se divide (e mesmo assim, cada vez menos) para discutir quanto tempo durará a depressão. Ora, se a História serve para alguma coisa, diria que é, paradoxalmente, chegada a altura de pensar na política.
Os próximos meses serão seguramente de instabilidade no sector e nos mercados financeiros. Os próximos anos serão provavelmente de um duro reajustamento a um novo paradigma económico sem algumas das facilidades e dos excessos do passado. E na economia, os tempos de reajustamento e de mudança de paradigma são necessariamente tempos árduos e plenos de angústias e incertezas. E disso, por mais que nos custe a admitir, já ninguém nos livra. E é precisamente por isso que é necessário começar a tratar, já, da política. Porque será política a próxima crise. Porque está criado um caldo explosivo para fazer da política o cenário do próximo terramoto. E não falo apenas «da rua» e do aumento do descontentamento dos contribuintes, do desespero dos desempregados, da angústia dos que não conseguem projectar o amanhã. Falo de uma crise da própria Democracia e dos valores Liberais (digo bem: Liberais) que a sustentam.
Durante as últimas décadas, em Portugal seguramente, mas também em boa parte do Mundo ocidental, fomos cuidando pouco da Democracia. Habituámo-nos a dá-la por adquirida, dispensámo-nos de a fortalecer e de a cultivar quotidianamente, deixámos de nela participar, entregamo-la às máquinas partidárias e fomos «à nossa vidinha». Esquecemo-nos da importância dos velhinhos «checks and balances» e fomos olhando, sem qualquer sentido de urgência, para a lenta degradação da Justiça sem a qual não há Democracia que sobreviva. Em regra, pouco mais fizemos pelos valores que, desde sempre, formaram os pilares dessa mesma Democracia. Dir-se-ia que a Liberdade estava para sempre conquistada, que a tolerância era um «acquis» civilizacional sem retrocesso possível, que o respeito pelo indivíduo – que sempre fora umas das marcas maiores do nosso legado liberal - era um «fait accomplit».
Pois bem, é tempo de olhar para a História e de perceber que não é assim. A degradação da política, a desvalorização da Liberdade e as crises económicas formam um cocktail explosivo. Precisamos, mais do que nunca, de cuidar dos valores liberais que são, há mais de duzentos anos, o sustentáculo da democracia e da civilização ocidental. Precisamos de dar substância à nossa vivência democrática, de defender, sem quaisquer concessões, a Liberdade (política, de religião, de opinião, mas também económica). Precisamos de cultivar a tolerância e o respeito pelo indivíduo sem temores nem hesitações. Precisamos de estar vigilantes e de nos defender dos demagogos que sempre fizeram deste caldo de descontentamento o seu «habitat» natural.
Precisamos, insisto, de começar rapidamente a cuidar da política.
Os próximos meses serão seguramente de instabilidade no sector e nos mercados financeiros. Os próximos anos serão provavelmente de um duro reajustamento a um novo paradigma económico sem algumas das facilidades e dos excessos do passado. E na economia, os tempos de reajustamento e de mudança de paradigma são necessariamente tempos árduos e plenos de angústias e incertezas. E disso, por mais que nos custe a admitir, já ninguém nos livra. E é precisamente por isso que é necessário começar a tratar, já, da política. Porque será política a próxima crise. Porque está criado um caldo explosivo para fazer da política o cenário do próximo terramoto. E não falo apenas «da rua» e do aumento do descontentamento dos contribuintes, do desespero dos desempregados, da angústia dos que não conseguem projectar o amanhã. Falo de uma crise da própria Democracia e dos valores Liberais (digo bem: Liberais) que a sustentam.
Durante as últimas décadas, em Portugal seguramente, mas também em boa parte do Mundo ocidental, fomos cuidando pouco da Democracia. Habituámo-nos a dá-la por adquirida, dispensámo-nos de a fortalecer e de a cultivar quotidianamente, deixámos de nela participar, entregamo-la às máquinas partidárias e fomos «à nossa vidinha». Esquecemo-nos da importância dos velhinhos «checks and balances» e fomos olhando, sem qualquer sentido de urgência, para a lenta degradação da Justiça sem a qual não há Democracia que sobreviva. Em regra, pouco mais fizemos pelos valores que, desde sempre, formaram os pilares dessa mesma Democracia. Dir-se-ia que a Liberdade estava para sempre conquistada, que a tolerância era um «acquis» civilizacional sem retrocesso possível, que o respeito pelo indivíduo – que sempre fora umas das marcas maiores do nosso legado liberal - era um «fait accomplit».
Pois bem, é tempo de olhar para a História e de perceber que não é assim. A degradação da política, a desvalorização da Liberdade e as crises económicas formam um cocktail explosivo. Precisamos, mais do que nunca, de cuidar dos valores liberais que são, há mais de duzentos anos, o sustentáculo da democracia e da civilização ocidental. Precisamos de dar substância à nossa vivência democrática, de defender, sem quaisquer concessões, a Liberdade (política, de religião, de opinião, mas também económica). Precisamos de cultivar a tolerância e o respeito pelo indivíduo sem temores nem hesitações. Precisamos de estar vigilantes e de nos defender dos demagogos que sempre fizeram deste caldo de descontentamento o seu «habitat» natural.
Precisamos, insisto, de começar rapidamente a cuidar da política.
3 comentários:
Pedro,
É muito revigorante ver que podemos contar consigo...
Olá Pedro, só hoje li a crónica. Mto boa... e agora? ;)
bjs
Marta CReis
De há uns anos para cá que olho para a Democracia como uma senhora decrépita que se passeia ridícula pela rua, sem haja alguém que lhe deite a mão…
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