quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

A cidade e as serras (I)


Há cinquenta anos atrás, criavam-se nas aldeias animais para depois os vender nas feiras e mercados.

Os tempos não eram de abastança, animais e homens não exibiam fartura de carnes. Criar vacas não era tarefa fácil e os animais apresentavam o esqueleto. Os ossos dos quartos traseiros espetavam resolutos para o ar.
Quando se aproximava a feira e o momento de os vender, era necessário dar outra compostura ao bicho.

O engenho era aguçado pela necessidade. Toca de dar sal com fartura ás vacas. As desgraçadas, estonteadas pela sede, punham-se a beber água com fartura. Tanta água bebiam que de barriga cheia lá avançavam para a feira com outra dignidade.

Ontem, como hoje, dizem que é carne.
Eu digo que é só água e sal.

2 comentários:

Luis Melo disse...

Caros amigos,

Atribuí um dos meus Prémio "Dardos" ao vosso blogue. Continuem assim, bom trabalho.

Gonçalo Pistacchini Moita disse...
Este comentário foi removido pelo autor.