Os melhores filmes que (re)vi em 2008
Aqui ficam:
- "Bus 174", de José Padilha: um documentário sobre o resgate de um autocarro no Rio de Janeiro que se revela um retrato implacável de um país em falência social.
- "Gerry", de Gus van Sant: dois rapazes (Casey Affleck e Matt Damon) perdidos no deserto - um dia, talvez todos os filmes sejam assim.
- "Persepolis", de Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud: um filme de animação que é um mergulho afectuoso, e sempre lúcido, nas contradições do Irão contemporâneo
- "Lust, Caution", de Ang Lee e "La Pianiste" de Michael Haneke: as melhores observações que conheci em 2008 sobre a delicada fronteira entre sofrimento e desejo
- "Trouble Everyday", de Claire Denis: o sexo como forma inevitável de vampirismo, por uma das grandes realizadoras europeias, quase inédita em Portugal
- "The Fountainhead" de King Vidor: o mais impressionante manifesto do individualismo alguma vez saído de Hollywood
- "Ministry of Fear", de Fritz Lang: um delirante passatempo, em tom de thriller, sobre o velho tema de Lang - a inexorabilidade do destino
- "No Country for Old Men", de Joel e Ethan Coen: apesar do calculismo, a fuga de Josh Brolin pelos fantasmas do Rio Grande não se esquece
- "The Thin Blue Line", de Errol Morris: a obra-prima de Morris (o que não é dizer pouco)
- "O Velho e o Mar", de Aleksandr Petrov: animação brihante com areia e vidro, em visão russa de Hemingway
- "Freud" de John Huston: datada, mas uma viagem emocionante (é como se a psicanálise ganhasse vida perante os olhos, e conseguíssemos distinguir a ganga cultural das verdades certeiras)
- "Bug", de William Friedkin: Friedkin a filmar o que filma melhor, a paranóia, num orçamento de feijões e a acção totalmente concentrada num quarto de motel
- "L' Eclisse", de Michelangelo Antonioni: ao contrário da opinião vigente, não há muitos momentos que perdurem da "Nouvelle Vague" (já a pesada herança estética e política, ainda hoje a sentimos...). Mas um dos mais fortes não lhe pertence materialmente, e é a extraordinária sequência final deste filme sobre todas as ausências (do amor ao amor-próprio)
- A 1ª (e única...) temporada" de "Studio 60 On The Sunset Strip": Aaron Sorkin teve um sonho louco - fazer uma série de sucesso sobre as "private jokes" de um programa de humor - e, obviamente, o sonho transformou-se em pesadelo; mas enquanto durou...
- "Kingdom of Heaven" de Ridley Scott (versão longa em Blu-Ray) : é a melhor propaganda disponível ao formato de alta-definição, e o melhor filme de Scott desde "Blade Runner" (muito mais complexo e ambicioso do que "Gladiador")
- "Besieged", de Bernardo Bertolucci: um pequenino-grande filme de Bertolucci, mais cândido e honesto do que o sobrestimado "The Dreamers"
- "Cigarette Burns" de John Carpenter: com apenas 60 minutos, este episódio da série "Masters of Horror" é uma delícia auto-irónica sobre "o filme mais chocante do mundo", que leva ao suicídio todos os que o vêem...
- "Close-Up" de Abbas Kiarostami: a realidade é a que inventamos.
- "Almost Famous: The Extended Cut - bootleg version": esta versão sim, com todos as esquinas por limar e imperfeições por polir (ou precisamente por isso), é um grande filme
- "The Innocents", de Jack Clayton: a fita que Amenábar gostaria de fazer aos 50 anos; glacialmente psicológico
- "Funny Face", de Stanley Donen: há rosas mais rosados do que estes (e cara mais bonita do que a cara de Audrey Hepburn) ?
- "The Mist", de Frank Darabont: grande ficção sobre a intolerância (sob a capa da "série B"), com um final devastador
- "Juno", de Jason Reitman, "Knocked Up", de Judd Appatow e "Little Miss Sunshine", de Jonathan Dayton e Valerie Fargis: os festins disfuncionais de 2007/2008
"Lady Chatterley", de Pascale Ferran: a versão definitiva?
- "Fat City", de John Huston: um filme que cheira a falhanço por todos os lados. Magnífico.
- "The Lookout", de Scott Frank: uma revisitação interessante dos estilhaços do "film noir", com realização do argumentista de "Relatório Minoritário"
- "Seven Chances", de Buster Keaton: abaixo Chaplin, viva Keaton!
- "No Man of Her Own", de Mitchell Leisen: um melodrama genial pelo seu mestre semi-desconhecido
- "The Big Easy", de Jim McBride: nunca New Orleans foi tão sexy (nem Ellen Barkin)
- "Grizzly Man", de Werner Herzog: a história do homem que transferia toda a sua afectividade para os ursos selvagens é quase tão tocante como a dignidade com que Herzog olha para ele
- "The Beast of War", de Kevin Reynolds: no seu estilo "sleazy", diz mais sobre a guerra entre afegãos e soviéticos do que muitas reportagens.
- "Best in Show", de Christopher Guest: um hilariante "mockumentary" sobre exposições caninas (e a alma canina dos seus donos)
- "Ludwig", de Luchino Visconti: de uma morbidez majestática, mas como o homem filmava...
- "Fur", de Steven Shainberg: o melhor filme que vi nos últimos 12 meses sobre homens peludos
- "Born to Kill", de Robert Wise: Lawrence Tierney, a suar, às voltas com a traição - série Z em todo o seu trágico esplendor
- "The Ballad of Jack and Rose", de Rebecca Miller: um filme digno e intransigente como há poucos
- "Clerks II", de Kevin Smith: não me lembro de me rir tanto este ano (peço desculpa por ter sido com uma cena de bestialidade com um burro - só visto)
- "The Secret of Roan Inish", de John Sayles: um belíssimo conto de fadas por um dos maiores realizadores da América, ao qual quase ninguém liga
- "The Ring", de Gore Verbinski: é uma fraqueza pessoal gostar de ver sofrer Naomi Watts...
- "Before and After", de Barbet Schroeder: um óptimo filme moral sobre o que é verdadeiramente importante numa família (já agora, ninguém edita em Portugal "Inju, la bête dans l' ombre" e "L´Avocat de la Terreur", ou é preciso mandá-los vir de França?)
E é isto. Bom 2009.
- "Bus 174", de José Padilha: um documentário sobre o resgate de um autocarro no Rio de Janeiro que se revela um retrato implacável de um país em falência social.
- "Gerry", de Gus van Sant: dois rapazes (Casey Affleck e Matt Damon) perdidos no deserto - um dia, talvez todos os filmes sejam assim.
- "Persepolis", de Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud: um filme de animação que é um mergulho afectuoso, e sempre lúcido, nas contradições do Irão contemporâneo
- "Lust, Caution", de Ang Lee e "La Pianiste" de Michael Haneke: as melhores observações que conheci em 2008 sobre a delicada fronteira entre sofrimento e desejo
- "Trouble Everyday", de Claire Denis: o sexo como forma inevitável de vampirismo, por uma das grandes realizadoras europeias, quase inédita em Portugal
- "The Fountainhead" de King Vidor: o mais impressionante manifesto do individualismo alguma vez saído de Hollywood
- "Ministry of Fear", de Fritz Lang: um delirante passatempo, em tom de thriller, sobre o velho tema de Lang - a inexorabilidade do destino
- "No Country for Old Men", de Joel e Ethan Coen: apesar do calculismo, a fuga de Josh Brolin pelos fantasmas do Rio Grande não se esquece
- "The Thin Blue Line", de Errol Morris: a obra-prima de Morris (o que não é dizer pouco)
- "O Velho e o Mar", de Aleksandr Petrov: animação brihante com areia e vidro, em visão russa de Hemingway
- "Freud" de John Huston: datada, mas uma viagem emocionante (é como se a psicanálise ganhasse vida perante os olhos, e conseguíssemos distinguir a ganga cultural das verdades certeiras)
- "Bug", de William Friedkin: Friedkin a filmar o que filma melhor, a paranóia, num orçamento de feijões e a acção totalmente concentrada num quarto de motel
- "L' Eclisse", de Michelangelo Antonioni: ao contrário da opinião vigente, não há muitos momentos que perdurem da "Nouvelle Vague" (já a pesada herança estética e política, ainda hoje a sentimos...). Mas um dos mais fortes não lhe pertence materialmente, e é a extraordinária sequência final deste filme sobre todas as ausências (do amor ao amor-próprio)
- A 1ª (e única...) temporada" de "Studio 60 On The Sunset Strip": Aaron Sorkin teve um sonho louco - fazer uma série de sucesso sobre as "private jokes" de um programa de humor - e, obviamente, o sonho transformou-se em pesadelo; mas enquanto durou...
- "Kingdom of Heaven" de Ridley Scott (versão longa em Blu-Ray) : é a melhor propaganda disponível ao formato de alta-definição, e o melhor filme de Scott desde "Blade Runner" (muito mais complexo e ambicioso do que "Gladiador")
- "Besieged", de Bernardo Bertolucci: um pequenino-grande filme de Bertolucci, mais cândido e honesto do que o sobrestimado "The Dreamers"
- "Cigarette Burns" de John Carpenter: com apenas 60 minutos, este episódio da série "Masters of Horror" é uma delícia auto-irónica sobre "o filme mais chocante do mundo", que leva ao suicídio todos os que o vêem...
- "Close-Up" de Abbas Kiarostami: a realidade é a que inventamos.
- "Almost Famous: The Extended Cut - bootleg version": esta versão sim, com todos as esquinas por limar e imperfeições por polir (ou precisamente por isso), é um grande filme
- "The Innocents", de Jack Clayton: a fita que Amenábar gostaria de fazer aos 50 anos; glacialmente psicológico
- "Funny Face", de Stanley Donen: há rosas mais rosados do que estes (e cara mais bonita do que a cara de Audrey Hepburn) ?
- "The Mist", de Frank Darabont: grande ficção sobre a intolerância (sob a capa da "série B"), com um final devastador
- "Juno", de Jason Reitman, "Knocked Up", de Judd Appatow e "Little Miss Sunshine", de Jonathan Dayton e Valerie Fargis: os festins disfuncionais de 2007/2008
"Lady Chatterley", de Pascale Ferran: a versão definitiva?
- "Fat City", de John Huston: um filme que cheira a falhanço por todos os lados. Magnífico.
- "The Lookout", de Scott Frank: uma revisitação interessante dos estilhaços do "film noir", com realização do argumentista de "Relatório Minoritário"
- "Seven Chances", de Buster Keaton: abaixo Chaplin, viva Keaton!
- "No Man of Her Own", de Mitchell Leisen: um melodrama genial pelo seu mestre semi-desconhecido
- "The Big Easy", de Jim McBride: nunca New Orleans foi tão sexy (nem Ellen Barkin)
- "Grizzly Man", de Werner Herzog: a história do homem que transferia toda a sua afectividade para os ursos selvagens é quase tão tocante como a dignidade com que Herzog olha para ele
- "The Beast of War", de Kevin Reynolds: no seu estilo "sleazy", diz mais sobre a guerra entre afegãos e soviéticos do que muitas reportagens.
- "Best in Show", de Christopher Guest: um hilariante "mockumentary" sobre exposições caninas (e a alma canina dos seus donos)
- "Ludwig", de Luchino Visconti: de uma morbidez majestática, mas como o homem filmava...
- "Fur", de Steven Shainberg: o melhor filme que vi nos últimos 12 meses sobre homens peludos
- "Born to Kill", de Robert Wise: Lawrence Tierney, a suar, às voltas com a traição - série Z em todo o seu trágico esplendor
- "The Ballad of Jack and Rose", de Rebecca Miller: um filme digno e intransigente como há poucos
- "Clerks II", de Kevin Smith: não me lembro de me rir tanto este ano (peço desculpa por ter sido com uma cena de bestialidade com um burro - só visto)
- "The Secret of Roan Inish", de John Sayles: um belíssimo conto de fadas por um dos maiores realizadores da América, ao qual quase ninguém liga
- "The Ring", de Gore Verbinski: é uma fraqueza pessoal gostar de ver sofrer Naomi Watts...
- "Before and After", de Barbet Schroeder: um óptimo filme moral sobre o que é verdadeiramente importante numa família (já agora, ninguém edita em Portugal "Inju, la bête dans l' ombre" e "L´Avocat de la Terreur", ou é preciso mandá-los vir de França?)
E é isto. Bom 2009.
2 comentários:
Divulgação
Onde estavam os adolescentes de Paço de Arcos no 25 de Abril? Os que agora tomam decisões?
“Na Terra do Comandante Guélas”
António Miguel Miranda
Papiro Editora
Papelaria “Bulhosa” Oeiras Parque, Papelarias “Bulhosa”, FNAC ou www.livrosnet.com
Filmes de Apresentação no “Youtube” em “Comandante Guélas”
www.camaradachoco.blogspot.com
Caro Pedro, que magnifica lista de filmes a (re)ver em 2009. Conto que em Janeiro de 2010 publique a lista de filmes que tera' ja' comecado a (re)ver este ano.
Abraco
Vasco
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