Expectativas
As expectativas desempenham um papel central na avaliação de desempenho.
Esta noção é (pelo que me dizem especialistas) particularmente visível na área do marketing em termos da avaliação da “qualidade” de produtos e da “satisfação” dos consumidores. Assim, a qualidade – ou, pelo menos, a qualidade percepcionada – de um produto é definida em termos da discrepância entre as percepções dos consumidores em relação a um determinado produto e a expectativa que tinham em relação a esses produtos (Gabbott e Hogg, 2001 [1]).
As expectativas desempenham também um papel central na arena política, e a “lição” para muitos agentes políticos é a importância de baixar as expectativas – expectativas mais baixas são mais facilmente excedidas, gerando maior “satisfação”.
As expectativas desempenham também um papel central na arena política, e a “lição” para muitos agentes políticos é a importância de baixar as expectativas – expectativas mais baixas são mais facilmente excedidas, gerando maior “satisfação”.
Um bom e recente exemplo é o esforço da administração Obama para baixar as (elevadas) expectativas geradas em torno da sua presidência [2]. Mas é visível também numa arena aparentemente tão distinta como a actual campanha militar de Israel na Faixa de Gaza. Esta distingue-se da anterior incursão no Líbano também pela moderação das expectativas por parte do governo de Olmert, que terá “aprendido” em 2006 a importância das expectativas para a “satisfação” (até) em relação às campanhas militares. [3]
Sendo assim, agradeço ao Miguel pelas suas generosas palavras nesta entrada. Mas devo ao mesmo tempo pedir aos leitores do Geração de 60 que baixem as suas expectativas em relação à minha participação no blogue – vão ver que ficarão muito mais satisfeitos…
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[1] M. Gabbott e G. Hogg, “Consumer behaviour and services: a review”, in M. J. Baker (org.), Marketing: Critical Perspectives on Business and Management, Taylor & Francis, 2001.
[2] Ver p.ex. este artigo no Times ou a análise de Elizabeth Drew no penúltimo NYRB – “Starting during the debates, and then quite clearly in his election-night speech, Obama has sought to tamp down expectations of how much he will be able to get done, and how quickly” (disponível online em: http://www.nybooks.com/articles/22170 )
[3] Ver por exemplo a análise do Washington Institute for Near East Policy – “And if Israeli prime minister Ehud Olmert raised expectations by telling the Knesset that Israel will smash Hizballah [in 2006], Israeli officials are largely trying to lower expectations by saying it seeks to restore quiet to Israeli towns and cities near Gaza” (online em: http://www.washingtoninstitute.org/templateC05.php?CID=2986 )
3 comentários:
Carlos, seja muito bem vindo.
Bem vindo Carlos mas lamento dizer-te que este teu post só serviu para aumentar as expectativas...
um abraço
Miguel
Geração de 60 versão (ainda mais) melhorada.
Bem haja.
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