A Democracia é o que fazemos dela
Ainda a propósito do post anterior e do comentário da Sofia Rocha: a sociedade civil anglo-saxónica é muito exigente face ao poder politico.
Dois exemplos de hoje:
O jornal Washington Post lançou esta manhã um excelente site Who Runs Washington que permite conhecer em detalhe oos membros do Governo, Congresso, Agências Federais, etc.
Nesta fase de lançamento, a criação dos textos sobre cada um das personalidades é da responsabilidade do jornal. Numa segunda fase, serão os próprios leitores a produzir e editar os textos, numa lógica de wiki moderado.
Aqui no Reino Unido, uma iniciativa governamental para restringir o acesso público às despesas dos deputados acaba de ser cancelada, graças à sociedade civil.
Mais de 7,000 cidadãos criaram um grupo especial no Facebook, enviaram 4,000 mails para 90% dos deputados e imprimiram centenas de panfletos para entregar aos representantes do seu círculo eleitoral.
O movimento foi iniciado pela "denúncia" da iniciativa no site TheyWorkForYou, da responsabilidade da MySociety, a organização lançada por Tom Steinberg para aumentar a participação dos cidadãos na vida política.
Em suma: a Democracia é o que fazemos com ela. Com a massificação das redes sociais na net, o tempo do comando e controlo terminou.
Actualização: acaba de ser lançado um site para verificar o cumprimento das promessas do 44º Presidente Americano. PolitiFact compiliou 500 propostas de Barack Obama, as qquais serão agora acompanhadas pelo Obameter. As promessas serão classificadas como "No Action", "In the Works" ou "Stalled". Mal a Administração Obama lance as iniciativas politicas relativas ao seu compromisso eleitoral, o site classifica-las-á como "Promise Kept", "Compromise" ou "Promise Broken". A ideia, interessante e graficamente muito apelativa, é do St. Petersburg Times, de Tampa, Florida. Vale a pena ver com atenção o Obameter.
4 comentários:
Há dois pequenos apontamentos que gostava de deixar:
1) A democracia participativa não pode deixar de ser somente usada pela negativa - isto é, grupos de pressão e actividade quando queremos que ALGO NÃO aconteça.
2) Estamos muito atrás na componente prévia à democracia: há um conjunto de informações prévias, em especial na área do urbanismo e dos estudos de impacte ambiental, entre outros assuntos, que são feitos em linguagem técnica e fechada ou em formatos de dificil leitura pelos principais interessados.
E ai não pode ser só a Net a funcionar - devemos utilizar formatos como a visualização em 3D, etc... depende dos politicos mudar e de nós actuar.
Joao, concordo com os dois pontos. As redes sociais permitem três dimensões de participação, de intensidade crescente: partilha, colaboração e accção colectiva. O terceiro nível está por desenvolver em Portugal.
"Partilha, colaboração e accção colectiva. O terceiro nível está por desenvolver em Portugal."
Diogo, mesmo os dois primeiros níveis... Enfim. A colaboração só agora dá algum sinal de vida. Em wikis, nomeadamente, os portugueses não gostavam de colaborar. Eu recebia por mail sugestões e até material para incluir num wiki acerca da blogosfera -- um wiki aberto!!
A acção colectiva, quem dera. Quem dera...
Como disse JMO (2), há um fosso de compreensão em áreas de informação essenciais à participação pública na tomada de decisões. Por linguagem fechada e também por alguma impreparação cultural.
A rede ajuda a passar o fosso, o ambiente reticular é bom para isso.
Vamos ver.
Diogo, belo título, excelente post.
A Democracia, e a qualidade da mesma, depende em partes iguais, da qualidade dos seus representantes, e dos mecanismos de controlo da actividade dos mesmos.
É uma evidência. Em Portugal faremos esse caminho e lá chegaremos.
O caminho será longo. Hoje, no jornal Público, podemos ler o perfil do deputado do PS que ousou criticar o ministro e o negócio dos aviões. Fazem uma caixa em que lhe chamam muitas vezes "idealista", dizem que tem muitas ideias. Não lhe chamarem um "idiota" foi uma sorte.
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