domingo, 7 de dezembro de 2008

Ministros da Educação


Falemos de ensino. Do ensino secundário:

1. Trinta e três greves em oito anos.

2. Não há evolução de carreira: tanto faz que se seja bom como mau professor. Não há sanção, nem há recompensa e os professores são refractários à avaliação.

3. Os slogans das manifestações dos anos 70 são os mesmos das manifs de hoje.

4. A reivindicação maior é tempo: “querem ser profs para terem mais tempo livre”, acusam-nos os mais críticos, apontando facto da maioria dos profs serem mulheres que querem estar em casa cedo e ter as mesmas férias grandes dos seus filhos.

5. Os profs são, hoje, uma classe proletarizada e deprimida pelas suas próprias queixas.

Não, este não é o quadro que Maria de Lurdes Rodrigues tem de enfrentar. Este é o retrato-robot que enfrenta o ministro Xavier Darcos, responsável pela Educação dos franceses no governo de Sarkozy. O governo francês é dos que mais gasta na Europa (julgo que é mesmo o que mais gasta, com um professor para cada 12 alunos) com resultados tão medíocres como desanimadores que fazem com que 8,5% dos alunos com 15 anos demonstrem grande dificuldade de leitura.
Xavier Darcos, tal como Maria de Lurdes, iniciou a sua cruzada de mudança. Resultado, deparou-se com uma resistência implacável e sistemática. Já estava à espera, os sindicatos não se mostraram, nos últimos trinta anos, favoráveis a uma só das propostas que os diferentes governos apresentaram. Apesar de tudo conseguiu evitar o terramoto português. Favorecem-no duas situações:
pela inexorável marcha da idade, há uma saída massiva de professores da velha geração para a reforma;

a renovação geracional trouxe gente interessada em trabalhar melhor, investindo no seu papel de educador, com a condição de ser mais bem paga.

Parece que Xavier Darcos tem dinheiro para isso.

2 comentários:

Sofia Rocha disse...

Será que lá, como cá, os sindicalistas também pertencem ao Comité Central do Partido Comunista e apenas se escondem na casa de banho quando os jornalistas por lá andam só para que nunca houvesse confirmação oficial?
(vale a pena ler isto contado por Zita Seabra no livro " Foi assim").

Manuel S. Fonseca disse...

Posso é já afiançar que a vitória da Fenprof sobre Maria de Lurdes não será certamente o equivalente a uma vitória dos professores.